Onça-parda sobrevive há seis anos após cirurgia intestinal inédita na UFNT

Animal foi operado por equipe da UFNT em 2019 e se mantém saudável com acompanhamento trianual

Crédito: Divulgação/UFNT

Uma onça-parda chamada Campeão representa hoje um caso singular para a medicina veterinária. Submetida a uma cirurgia intestinal de alto risco em 2019 na Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), o animal completa seis anos de sobrevida, um marco inédito registrado na literatura especializada.

 

A onça chegou à universidade em estado crítico: desidratada, abaixo do peso e sem evacuar há dias. Exames detectaram fecaloma com megacólon, condição que exigia intervenção cirúrgica imediata.

 

"O caso foi extremamente delicado. Solicitamos junto ao Naturatins e ao Ibama a transferência do animal para a UFNT, onde dispomos de infraestrutura completa e equipe qualificada. No diagnóstico, constatamos a necessidade de uma enterectomia – a retirada de uma porção significativa do intestino", detalhou a professora Ana Paula Gering, especialista em Anestesiologia e Animais Silvestres.

 

A cirurgia foi realizada no domingo seguinte à chegada do animal, com apoio da cirurgiã veterinária Thuanny Lopes Nazaret. O sucesso do procedimento deu início a um acompanhamento que perdura até hoje.

 

Recuperação Monitorada

Campeão passou 45 dias em recuperação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Araguaína, recebendo cuidados especiais da equipe da UFNT em parceria com a Polícia Ambiental. "Instituímos uma alimentação diferenciada e acompanhamento constante. Hoje, Campeão está em excelente estado de saúde", comemorou Ana Paula.

 

A onça-parda agora vive na Fundação Zoobotânica de Marabá (PA), onde recebe check-ups regulares a cada três anos. Uma equipe multidisciplinar formada por profissionais e ex-alunos da UFNT monitora sua saúde, incluindo especialistas em diagnóstico por imagem, patologia clínica e radiologia.

 

“Esse caso é considerado único na literatura veterinária. Existem relatos de cirurgias semelhantes, mas nenhum registro de um animal da espécie com tantos anos de sobrevida e em condições clínicas tão estáveis. Isso mostra a importância da integração entre o ensino, a pesquisa e a prática profissional desenvolvida na UFNT”, destacou Ana Paula.

 

“A UFNT reafirma, por meio de casos como este, seu papel social e científico na proteção da biodiversidade e na qualificação de profissionais preparados para atuar com ética, técnica e sensibilidade diante dos desafios da medicina veterinária contemporânea”, concluiu a professora.

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