A Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica do Tocantins (ABMCJ-TO), por meio de nota enviada à imprensa neste final de semana, repudiou o Comando do Corpo de Bombeiros por ter aberto sindicância contra a presidente da Associação de Mulheres Policiais Civis do Tocantins (AMP/TO), Giovanna Cavalcante Nazareno. A organização acusa o chefe do Comando de perseguição através de ações intimidatórias, tentando impedir que sejam apurados os casos de assédio sexual e moral dentro do Corpo de Bombeiros.
As denúncias vieram à tona no final de 2018 e desde então têm gerado polêmica. O T1 procurou o comando, que não se manifestou a respeito por considerar que a iniciativa do comandante foi pessoal e a Corporaçao não pode responder.
Confira a nota na íntegra
NOTA DE REPÚDIO
A Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica do Tocantins (ABMCJ-TO), vem a público declarar que repudia, com veemência, a atitude do Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Tocantins que, através de ações intimidatórias, tenta impedir que casos de assédio sexual e moral praticados contra policiais femininas da corporação sejam apurados.
O Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Reginaldo Leandro da Silva, abriu sindicância administrativa na Corregedoria da Polícia Civil do Estado do Tocantins contra a Presidente da Associação de Mulheres Policiais Civis do Tocantins (AMP/TO), Giovanna Cavalcante Nazareno, depois que ela divulgou na imprensa as denúncias de assédio sexual e moral das vítimas, sendo que uma delas acusa o próprio Comandante Geral do Corpo de Bombeiros.
Conforme Giovanna, os casos concretos de assédio sexual e moral foram notificados à entidade após realização de pesquisa, elaborada por profissionais do meio acadêmico-científico que constatou que 50% das policiais femininas do Corpo de Bombeiros entrevistadas já sofreram algum tipo de assédio sexual.
Sendo o Corpo de Bombeiros uma instituição tão respeitada na sociedade, pelos relevantes serviços prestados e honradez da esmagadora maioria dos seus membros, qualquer atitude de intimidação, advinda do Comando Geral da corporação que tenta impedir o curso das investigações de assédio sexual e moral contra as mulheres que compõem seus quadros, causa profunda indignação na sociedade e à nossa entidade de mulheres que tem como uma das missões combater qualquer tipo de violência contra a mulher.
A ABMCJ/TO confia e acredita que as autoridades, tanto na esfera administrativa, quanto na esfera judicial, investigarão com rigor os casos de assédio sexual e moral praticados contra as policiais do Corpo de Bombeiros, garantindo-se o contraditório e ampla defesa dos eventuais agressores, pois eis que ninguém, seja de que patente for, está acima da lei.
Vale ressaltar que nosso amado Tocantins amarga um dos maiores índices de violência sexual do Brasil, e toda a sociedade deve se envolver no combate à esses crimes que deixam marcas indeléveis no corpo e na alma das vítimas desses delitos atrozes.
É chegada a hora de jogar luz nos porões das instituições públicas, privadas, religiosas ou sem crença, trazendo à tona a prática de crimes sexuais e amparando as vítimas de todas as formas possíveis, para amenizar as chagas deixadas na alma por tamanha crueldade.
Por isso dizemos #metoo, em referência aos recentes casos de assédio descobertos em Hollywood, demonstrando nossa solidariedade às vítimas dos casos de assédio sexual e moral do Corpo de Bombeiros do Estado do Tocantins.
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