Policial denuncia delegado por assédio nas redes: SSP abre sindicância; acusado nega

Giovanna afirma estar mais aliviada após o relato nas redes sociais e revela que será removida de ofício para a Polícia Comunitária

Crédito: Reprodução Instagram

O retorno das férias na quarta-feira, 6, para a 2ª Delegacia de Polícia Civil onde já atuava foi o "gatilho" que fez a policial civil Giovana Cavalcanti Nazareno trazer a público em suas redes sociais o assédio sexual, o qual, segundo ela, foi vítima entre 2021 e 2022 e que teriam sido cometidos pelo delegado Cassiano Oyama. "Eu volto de férias no dia 6 e teria que retornar para a delegacia dele. Aí tudo veio numa forma de desabafo", afirma Giovana ao confessar que se sente bem depois que jogou pra fora "toda essa imundície" que viveu.



Ao T1 Notícias, Giovanna relata que só agora abriu o caso ao público, mas que seus chefes e a Corregedoria-Geral da Secretaria da Segurança Pública (SSP-TO) já tinham ciência da situação. Em nota, a SSP-TO informa que uma sindicância foi instaurada em 15 de junho para apurar o caso. Em nota, o delegado Cassiano Oyama nega as denúncias e afirma "ser tudo grande inverdade" e que procedimentos já foram adotados pela SSP. (Confira ao final do texto as notas da SSP e do delegado Cassiano Oyama na íntegra)

Suicídio


Conforme Giovana, em consequência dos assédios ela fez três tentativas de suicídio, com dois atendimentos, com manobra de ressucitação) em um hospital da Capital. No terceiro, ela foi levada ao hospital pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).



Giovanna conta que, ao ver em junho o vídeo da morte da escrivã Rafaela Drumond de Minas Gerais, que se suicidou em nove de junho após denunciar ser vítima de assédio no trabalho, ela chegou a comentar em suas redes sociais que havia passado pela mesma situação, mas sem identificar o autor.



A policial civil afirma que, após o término da licença médica,  pediu sua remoção para outra delegacia, mas teve a solicitação negada.  "Porém, eu já havia feito vários pedidos de remoção, todos negados. Assim, entrei em contato com a corregedoria antes de denunciar na rede social", afirma Giovanna.



No vídeo publicado, Giovanna relata uma sequência de situações abusivas. Ela conta que os assédios teriam começado aos poucos e como brincadeiras. “Começava a falar da minha aparência, do meu modo de vestir. Ficava fazendo brincadeiras meio bobas: ‘porque você não usa saia?’, ‘porque não usa vestido?’. ‘Você está vindo parecendo um machão’. Foram coisas corriqueiras que começaram aos poucos", relata a policial no vídeo.



Remoção de ofício


Giovanna afirma estar mais aliviada após o relato nas redes sociais. "Passei por muita coisa. Tive salário cortado mesmo estando com licença médica protocolada", declara a policial ao revelar que será removida de ofício pelo secretário da SSP, Wlademir Costa Mota Oliveira, para a Polícia Comunitária. 

 

Nota à Imprensa - Secretaria da Segurança Pública

Assunto: Assédio Servidora
Data: 03/12/2023

A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que no dia 15 de junho deste ano, uma sindicância foi instaurada de ofício pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil para apurar denúncias feitas pela referida servidora em sua rede social. Naquele momento, sem citar nomes.

Ao ser ouvida, ela relatou os supostos assédios e indicou o servidor que seria o autor dos mesmos.

Embora o procedimento seja sigiloso, é importante esclarecer que todas as providências investigativas foram tomadas pela Corregedoria para elucidação da denúncia. A sindicância se encontra em fase avançada e deve ser concluída em breve.

Por fim, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins destaca que não admite qualquer desvio de conduta por parte de seus servidores, bem como não coaduna com qualquer juízo prévio de culpa. 

A Secretaria reafirma o seu compromisso com o estado democrático de direito e respeita os dispositivos constitucionais nos quais o acusado é inocente até prova em contrário, principalmente nestes tempos em que as redes sociais promovem verdadeiros linchamentos morais.

A SSP-TO reafirma ainda seu compromisso com a moralidade e a ética, investigando todos as denúncias recebidas, conforme os ditames da Lei estadual 3.461/2019.

Secretaria da Segurança Pública do Tocantins

 

Nota do delegado Cassiano Ribeiro Oyama

Essa é uma história que vem se desenrolando desde 2022, quando a servidora, voltando de licença, parece para tentar um pleito eleitoral, procurou a unidade da segunda delegacia, todos os policiais e este delegado de polícia, que é o delegado chefe desde então, para tentar lotação nessa delegacia, que fica muito próximo da residência dela.

Por resistência da equipe, por dificuldade de relação interpessoal com essa pessoa, com essa policial, não foi bem recepcionado isso, e desde então ela começou a criar essa história. Mas antes disso, por várias ocasiões, ela faz todo o esforço para ser lotada na segunda delegacia, a delegacia onde eu trabalho até hoje, sou o delegado chefe.

Então ela fez todo o esforço para ser lotada na delegacia junto comigo. E aí, quando descobre que não será lotada, que essa pretensão é frustrada, ela inicia essa narrativa de que ela sofreu assédio sexual.

Tudo uma grande inverdade, são falácias fantasiosas, e que já existem procedimentos, tanto em fase de sindicância investigativa, quanto na delegacia de assuntos internos da Secretaria de Segurança Pública.

Então esse assunto já está sendo alcançado pelo órgão sensor e dentro em breve tudo será elucidado. Diferentemente até da policial, eu não tenho só discurso, eu tenho conteúdo probatório que prova que jamais, assediei sexualmente essa servidora.

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