População de Filadélfia sofre com impactos gerados pela UHE do Estreito

Lençol freático subiu com implantação da Barragem Estreito. Praia, que era ponto turístico de Filadélfia foi afetada. Ibama diz que pediu estudo do Ceste e que não há prazo para solucionar problemas.

Situação da cidade em 2012
Descrição: Situação da cidade em 2012 Crédito: Bonifácio/T1Notícias

Inundação em áreas críticas da cidade, fossas estouradas com a elevação do lençol freático, e a falta de prazo estabelecido para a solução dos problemas gerados pela implantação da Unisa no Estreito, são algumas das situações vividas pela comunidade de Filadélfia, que aguardam intervenção das autoridades constituidas para retomar a normalidade da rotina vivida pela cidade.

 

Moradores de Filadélfia do Tocantins entraram em contato com o T1 Notícias para reclamar da situação instalada no município após implantação da Usina Hidrelétrica (UHE) de Estreito. A população cobra soluções para situação crítica em que se encontra a cidade. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) afirmou que pediu um estudo hidrogeológico e o Consórcio Estreito Energia (Ceste)  disse que canal de comunicação com a população está aberto.

 

A cidade, segundo alguns moradores que entraram em contato com o Portal, não tem saneamento básico e a maioria das casas ainda utilizam fossas, e a água consumida na cidade vem de poços artesianos. Como o lençol freático subiu, acaba sendo contaminado pelas fossas.

 

Sem limpeza

Os moradores reclamam ainda que as casas estão rachadas, os matos nos terrenos baldios e áreas verdes estão abandonados, e em consequência, animais, insetos e o lixo acabam invadindo os quintais das casas.

 

A moradora Zaira Silva Costa, que faz parte dos ribeirinhos atingidos pela Usina, afirmou que o Consórcio Estreito de Energia (Ceste) fez várias reuniões mas não apresentou nenhuma solução aos moradores.

 

As casas estão todas rachadas, o mato dos terrenos baldios abandonados pelo Ceste, invadiram a cidade, e com isso animais, insetos e lixo tomaram de conta desses locais que segundo eles seriam mantidos limpos.

 

Depois que conseguiram a licença do IBAMA para funcionamento parcial, abandonaram as famílias que ainda continuam sofrendo na beira do rio, com fossas estouradas, casas rachadas, e constantemente sendo invadidas por animais peçonhentos, São mais de 300 famílias com direito à indenização.

 

As ruas estão com poços de água permanente devido os terrenos não terem mais capacidades de infiltração como mostrado nas fotos do face. "A empresa Ceste tem obrigações assumidas nos programas básicos ambientais e não cumpridas anos após a formação do lago. Resumido estamos num total abandono", afirmou Zaira.

 

Ibama pediu estudo hidrogeológico do local

O T1 Notícias entrou em contato com Ibama para saber o que está sendo feito em relação aos problemas apresentados pela população dos municípios afetados pela usina.

 

O coordenador do núcleo de licenciamento ambiental do Ibama, Wallace Rafael Rocha Lopes, afirmou em entrevista ao T1, que “o Ibama, considerando as problemáticas do esgoto, solicitou que o empreendedor apresentasse um estudo hidrogeológico do local”.

 

Segundo o coordenador, com base neste estudo, que a empresa apresentou uma primeira versão, e o Ibama pediu que fosse corrigido e feitos outros apontamentos, e já apresentaram um segundo estudo, serão propostas soluções para os problemas acarretados pela barragem.

 

O coordenador afirmou que está na fase de análise das informações apresentadas no estudo e que o Ministério Público Estadual (MPE) está acompanhando o desenrolar da situação. Ele afirmou que o estudo irá definir até que ponto será necessário fazer as desapropriações. “Estamos estudando quais delas serão viáveis fazer a desapropriação”, disse Wallace.

 

Soluções Paliativas

Não existe um prazo para que esta análise seja concluída. “Temos algumas alternativas que vamos avaliar o que será feito em cada município, em cada caso...” afirmou o coordenador.

 

Wallace Lopes afirmou que, “o não atendimento da empresa a qualquer solicitação que for feita pelo órgão ambiental, pode acarretar na não renovação da licença”, ou outras penalidades. No entanto, segundo o coordenador, até agora a empresa concessora da usina tem atendido a todas as solicitações.

 

“Nós tivemos uma reunião a pouco tempo com o pessoal de Babaçulândia, do Ministério Público, e diante da complexidade, nós precisaremos de um pouco de mais tempo” concluiu o coordenador.

 

Enquanto isso, os moradores afetados aguardam reais soluções para dar fim ao sofrimento pelo qual tem passado. “Eu sou moradora aqui na beira do rio e nós estamos sofrendo... Agora, há pouco tempo fizeram uma reunião aqui, mas eles não trouxeram soluções e não assumem as responsabilidades” afirmou Zaira Costa.

 

Ceste diz que canal de comunicação com a população está aberto

 O Consórcio Estreito Energia (Ceste) informou por telefone ao T1 Notícias que possui um centro de informação móvel que passa toda semana no município, colhendo reclamações e sugestões e atendendo às demandas. “Cada caso é um caso. É feito uma análise, um laudo. A gente entrega todas as informações através do centro de informação e do nosso web site” afirmou Elizabethe Pacífico, porta voz da empresa.

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