Representantes de religiões de matriz afro brasileira de Palmas fundaram neste sábado, 26, a Federação das Casas de Culto de Matriz Afro Brasileira do Tocantins (Feccanto), criada com os objetivos principais de fortalecer, preservar e divulgar a Religião Afro-brasileira, visando a manutenção cultural, o respeito e a preservação da essência fundamental da tradição religiosa.
Ya Ifalore Efuntola Ayelabola, Roberta de Osoguiã, escolhida como presidente da Federação declarou que ter uma entidade representativa torna um instrumento de luta e autoafirmação dos povos de terreiro. “Essa entidade era uma imposição para dar voz a essa comunidade. O Iphan fez um levantamento que detectou mais de 25 casas de culto em Palmas, isso da uma dimensão de representatividade dessas pessoas. Então chega para cumprir uma lacuna de anos no Estado. Agora essa primeira diretoria constituída começa a fazer um trabalho de filiação das Casas, isso fortalece e une o povo de terreiro e dá uma cara a nossa comunidade para que possamos dialogar com os poderes constituídos”, declara.
Direitos
Na ocasião, a líder religiosa informou que a principal bandeira da Federação é ter os direitos garantidos. “Não queremos mais direitos do que já temos. Queremos que o poder público garanta o direito que já temos garantidos pela constituição e pelo estatuto da igualdade racial e queremos que em nível de município que isso seja reforçado para que haja punições para quem atenta contra uma casa de culto e para quem cria situações de constrangimento e ameaça a filhos de terreiro. A partir de agora a Federação assume a bandeira do povo de terreiro e o direito de existir e de expressar nosso culto e crença”, explicou.
Roberta de Osoguiã também destacou que vai provocar os poderes para que o povo tenha seu direito de expressão garantidos. “Agora vamos provocar desde a Polícia Federal, porque é crime federal a discriminação religiosa, até a Defensoria Pública, Ministério Público, Prefeitura, ao Governo do Estado do Tocantins na sua secretaria de Cidadania, nós queremos garantidos o nosso espaço. Não aceitamos mais ser tratados com intolerância. Estamos buscando o direito de existir sem ser ameaçados ou constrangidos”, finalizou.
Luta e desafios
Em entrevista ao T1 Notícias nesta segunda-feira, 28, Pai Gil, vice-presidente da Federação destacou a importância de uma entidade federativa. “É uma luta de muito tempo que só agora tivemos avanço nas negociações na quebra do preconceito, intolerância religiosa e cultural. Também é um canal de interlocução. Precisamos de um órgão que represente o povo de axé do Tocantins”.
O líder religioso também avaliou que a conquista somará ganhos, mas ainda há desafios pela frente. “Tenho mais a ganhar em união com as outras casas e outros filhos e os filhos que chegarão. Mas também temos a missão de integrar, juntos nos conhecimentos nas causas, junto ao povo de axé. Ainda temos como desafio além da estruturação física da entidade, a visibilidade das casas que são escondidas por causa do preconceito. A Federação deverá divulgar à sociedade e perante aos órgãos competentes os direitos de igual para igual que nós temos”, destacou.
Posse festiva
De acordo com a presidente da Federação, Roberta de Osoguiã, a festa de posse, deverá mostrar a toda a população as expressões culturais do povo de terreiro. “Vamos fazer uma Posse festiva mostrando para a população nossa música e culinária. Vamos fazer disso um momento festivo e, além disso, vamos lançar uma grande campanha contra o preconceito em torno de quem é de Axé”.
Após a deliberação de todas as casas de Santo, ficou instituída a mesa diretora da FECCANTO, sendo: presidente, Ya Roberta de Osoguiã, vice, pai Gil da Tenda do Caboclo; secretaria-geral:Tia Ray; Tesoureiros, Francisco das Chagas; Conselho fiscal: pai Luzivaldo de Omolu, pai Edmilson de Logun e pai Lucas. Conselho Administrativo: professora Deyze do Anjos, professora Solange Nascimento e professor Rosemberg Ferracini.
Participaram do evento cerca de 50 filhos de casas de Santo. O endereço provisório da Feccanto será na 604 Sul, alameda 12, lote 23, tenda de Umbanda Caboclo Sultão da Mata e pai João de Aruanda.
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