Presidente do TJ indigna-se e diz que lei do abuso de poder é um retrocesso

Desembargador diz que “vivemos num Estado Democrático de Direito e, sem ele, teremos um regime totalitário, um regime agressivo, que não tem alternância de poder, não tem imprensa livre”.

Crédito: Rondinelli Ribeiro - TJ TO

O presidente do Tribunal de Justiça (TJ-TO), desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, durante a abertura do Projeto Justiça Cidadã, na Comarca de Almas, nesta terça-feira, 20, voltou a falar sobre o projeto de Lei de Abuso de Poder, aprovado pela Câmara e no Senado recentemente e que agora aguarda sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

 

“A independência funcional de delegados, agentes de polícia, militares, promotores de justiça e a imparcialidade dos juízes precisam ser mantidas. A lei é um retrocesso e registro aqui a minha indignação. Vivemos num Estado Democrático de Direito e, sem ele, teremos um regime totalitário, um regime agressivo, que não tem alternância de poder, não tem imprensa livre. E nós não nos identificamos com este tipo de país. Oremos para que o presidente Jair Bolsonaro exerça seu poder de veto a esse ato arbitrário”, enfatizou.

 

O tema também foi comentado pelo promotor de justiça da Comarca Luiz Francisco de Oliveira.  “Estamos vivendo momentos muito difíceis no Brasil. Com a sanção da Lei de Abuso de Autoridade, não há justiça cidadã. Com juiz fraco, promotor fraco, o sacrificado será o cidadão”.

 

Ainda no evento, o presidente do TJ chamou para reflexão a inovação dos serviços do Judiciário para um público formado por servidores, integrantes do sistema de justiça e a comunidade de Almas.

 

“Nós estamos passando por uma revolução tecnológica, e essa mudança o Judiciário precisa acompanhar. Não estamos inventando a roda, mas nos preparando para o futuro. A nossa sociedade mudou, coisas novas surgiram e outras deixaram de existir e precisamos nos adaptar”. 

 

“Vamos precisar reestruturar as atribuições e as responsabilidades dos cargos. Temos o processo eletrônico e já estamos estudando o uso da inteligência artificial. Atuaremos com cartórios unificados na reestruturação administrativa de todas as comarcas, que já foi iniciada por Palmas, Paraíso, Porto Nacional e Tocantínia”, reforçou o desembargador.

 

O tema foi ressaltado também pelo diretor- geral do TJ, onas Demostene Ramos, ao falar sobre a importância de se pensar no futuro com planejamento. “Precisamos ter eficiência administrativa. Temos quase um milhão e meio de jurisdicionados que devem receber um serviço de excelência. No Judiciário nada é feito por acaso. Estamos terminando em 2020 o cumprimento do planejamento estratégico e já trabalhando nas ações para os próximos seis anos”, afirmou, convidando a todos para participarem da construção do novo planejamento.

 

Comarca de Almas

 

A Comarca de Almas, considerada de pequeno porte, integra o grupo de 1ª Entrância, abrangendo ainda o município de Porto Alegre do Tocantins. Durante a abertura do projeto na unidade, o juiz e diretor do Foro, João Alberto Mendes Júnior, falou sobre a importância da ação do judiciário.  “Vossa Excelência é a sociedade que nos paga e mantém todo o Judiciário, por isso o Justiça Cidadã é fundamental para que nos aproximemos cada vez mais da comunidade,  inclusive com a preocupação com as novas gerações, crianças e adolescentes, que também foram lembradas na programação do projeto”, ponderou o magistrado.

 

O prefeito municipal de Almas, Wagner Nepomuceno Carvalho, participou do evento e parabenizou o Judiciário por promover uma maior aproximação com a sociedade. “Nosso povo de Almas é muito carente, a comunidade ficou anos e anos numa decadência de mandatos que não frutificaram. Essa reunião para nós é muito importante. Atuamos aqui com muita decência e buscando o bem da comunidade e isso passa pelo Judiciário”, afirmou.

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