Representantes da população jalapoeira cobram respostas sobre concessão de parques

Protestos ocorreram durante audiência pública realiza nesta quinta, 19, para discutir a concessão de parques. “Não é goela abaixo que vocês vão empurrar essa concessão no povo do Jalapão”, defenderam

Presidente da Associação de Turismo Receptivo, Fernando Torres.
Descrição: Presidente da Associação de Turismo Receptivo, Fernando Torres. Crédito: Thiago Douglas/T1 Notícias

Representantes da população jalapoeira, entre prefeitos, líderes de associações, pequenos produtores e povoados da região, protestaram na audiência pública que ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins (Aleto) nesta quinta-feira, 19, contra o Projeto de Lei do Governo do Estado que defende a concessão dos parques estaduais do Jalapão, Cantão, Lajeado e do Monumento das Árvores Fossilizadas.

 

“Por que não capacita primeiro essas pessoas para depois buscar um representante, uma operadora, algo nesse sentido? Não é goela abaixo que vocês vão empurrar essa concessão no povo do Jalapão não. Ninguém é bobo lá mais não. É o nosso ganha pão, a gente tem família, todos que estão aqui tem amor por aquela região. Esssas pessoas que hoje tem um apartamento, um carro, tudo fizeram isso sozinhas, não foi com a ajuda do governo. O secretário, eu nunca vi o senhor lá. Então, respeita a nossa história, respeita esses pais de famílias que aqui estão e nós não estamos brincando não, a gente tá aqui atrás de respostas”, cobrou o presidente da Associação de Turismo Receptivo, Fernando Torres.

 

O presidente da Associação criticou, em nome dos representantes das associações, diversos pontos da proposta de concessão e apontou falhas que poderiam prejudicar toda a comunidade local. “Tem várias coisas lá que estão amarradas, tem que ser corrigido isso aí já que tem o estudo de viabilidade econômica, tem o estudo social, tem o estudo de impacto, por quê não é apresentado a nós antes? Essas comunidades que estão aqui estão pedindo respostas, essas comunidades quilombolas que hoje brigam pelo território, por quê não regulariza essa situação fundiária? Por que não resolve primeiro o território? Aí já quer fazer a concessão de uma área? Não é assim que funciona”, indagou Fernando, acrescentando que “quando eu escuto alguns secretários falarem em trazer uma operadora e ter orgulho, orgulho você tem que ter dessas pessoas que estão aqui na sua frente, que durante 20 anos vem carregando o turismo do Estado”.

 

 

O presidente da Agência de Turismo do Jalapão, Márcio Castelo Branco, pediu que os representantes tenham mais empatia pelo povo jalapoeiro. “Gostaria que os senhores olhassem para as pessoas do Jalapão com um conceito da necessidade que nós temos de transitar, de educação, da saúde, para o povo tão sofrido, que nós somos por direito do Jalapão e que antes que tomasse qualquer decisão dentro do Plenário, vocês viessem ver e passar para as pessoas que são donos por direito. Eu acredito que se essas pessoas não estivessem aqui hoje, eles iam ver o Jalapão se passado de goela abaixo e não ia acontecer nada. Gostaria que olhassem para a situação dos professores também naquelas comunidades, que atravessam rios de canoa. Esses dias eu conversando com uma professora, nem canoa ela tem. Eu fico observando que quando os senhores estão no Jalapão, vocês vão de avião e as pessoas alí pedindo: 'vão de carro', vão de carro senhores deputados, conheçam nossa situação pelo menos por um dia, a nossa dificuldade de transitar”, questionou.

 

Em entrevista ao T1 Notícias, o prefeito de São Félix, Irael Ribeiro, destacou que é totalmente contrário à forma como o projeto chegou à Assembleia. “O projeto já estava indo a Plenário, passou na Comissão de Constituição e Justiça sem ouvir as comunidades tradicionais daquela região, os gestores, o treito turístico que envolvem as operadoras, os guias, os donos de atrativos turístico, e seria aprovado na calada da noite. Nós estamos aqui para fazer com que o grito do povo do Jalapão seja ouvido, e nós somos totalmente contrários à forma como esse projeto chegou até aqui, que já está indo a Plenário em votação”, pontuou o gestor.

 

Para o prefeito de Mateiros e presidente do consórcio da região do Jalapão, João Martins, Mateiros é quem mais sofre, por terem 80% do município com área de preservação. “E esse parque está dentro do município 100%, e a gente tem aquela preocupação porque não temos uma resposta para a população até hoje, o processo já vem rodando há dias, e a população tem cobrado de nós, e nós não temos resposta. Não fomos chamados ainda pra nada e o processo está aqui nesta Casa, para ser votado, e nós ficamos aqui neste pesadelo junto com a população”, observou.

 

Martins declarou que busca sair da audiência com uma resposta concreta do governo. “Nós queremos saber o que a população vai ganhar com isso, o que as pessoas vão ganhar com isso, o que vai vir de benefício para os moradores da região, é isso que viemos buscar aqui nessa audiência”, encerrou.

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