Servidores relatam dificuldades para atender duas crianças na UTI do Infantil

Em vistoria feita no Hospital Infantil de Palmas, a Defensoria Pública encontrou irregularidades no local e duas pacientes podem ter piora no quadro de saúde. MPF, MPE e Sesau foram informados.

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins realizou vistoria no Hospital Infantil em Palmas (HIP) e os profissionais de diferentes áreas relataram várias dificuldades para o atendimento de duas crianças que foram transferidas de uma Unidade de Terapia Intensiva particular (UTI), custeada pelo Estado, para o referido hospital.

 

Segundo os profissionais, as dificuldades em atender as duas pacientes está na ausência de materiais para melhorar a qualidade de vida das crianças, entre eles poltrona e cadeira hospitalar, capa de silicone para os colchões, materiais de higiene (principalmente fraldas, uma vez que as fornecidas pelo hospital não absorvem e causam assaduras), sonda de gastrectomia e material para fixação da traqueostomia.

 

Outra preocupação apresentada foi em relação ao risco de infecção hospitalar, uma vez que as pacientes estavam na UTI (colonizadas) e encontram-se em um ambiente improvisado, pois a sala de isolamento não é uma enfermaria semi-intensiva, por não possuir todos os equipamentos adequados.

 

Devido à gravidade do quadro clínico das crianças, a qualquer momento pode ocorrer uma piora e haver a necessidade das menores serem entubadas na emergência e ocorrer proliferação de bactéria, tendo em vista que o hospital não tem filtro antibacteriano.

 

As crianças são portadoras de sequela grave de encefalopatia hipóxico isquêmico e não há previsão de alta devido à gravidade do quadro clínico. Elas estão sob os cuidados da Casa Abrigo Raio de Sol, em virtude do abandono familiar.


Problemas

Além disso, houve relatos sobre o manejo do carro de parada (carro de emergência) cujo check-list deve ocorrer diariamente, mas é realizado mensalmente; da bala de oxigênio que não é guardada em um local específico, vindo a ocorrer óbitos em virtude da ausência de local determinado; e da persistência da falta de leitos de UTI. No dia da vistoria, foi repassado que crianças aguardavam vagas há mais de sete dias e a regulação Estadual chegou a pedir ao médico que realizasse a escolha de qual criança deve ser transferida para a UTI.



O relatório de toda a situação encontrada no Hospital Infantil foi encaminhado ao MPF – Ministério Público Federal, MPE – Ministério Público Estadual e ao Denasus – Departamento Nacional de Auditoria de Sistema Único de Saúde, e ainda foi oficiada à Secretaria de Saúde Estadual requisitando informações sobre os riscos de contaminação de bactérias, sobre a bala de oxigênio e os óbitos ocorridos, bem como sobre o carro de emergência.

 

Em resposta a solicitação do T1 Notícias a Sesau encaminhou uma nota informando que as duas crianças internadas no HIP, tem acompanhamento contínuo da equipe multiprofissional e estão recebendo todo suporte hospitalar.

Segundo a Sesau, a visita feita pela Defensoria aconteceu em março e que algumas das irregularidades apontadas, como o carro de emergência e bala de oxigênio já foram resolvidas. A Sesau afirmou ainda que “quando o número de leitos é insuficiente o Estado, através da Central de Regulação, faz busca em qualquer estado da Federação, seja em hospitais públicos ou privados”.

 

Confira na íntegra a nota da Sesau:

Secretaria de Estado da Saúde

Nota de Esclarecimento

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que as duas crianças vítimas de abandono familiar, internadas no Hospital Infantil de Palmas (HIP), têm acompanhamento contínuo da equipe multiprofissional, em quarto isolado, devido ao risco de infecção hospitalar, e estão sob os cuidados de profissionais da Enfermagem exclusivos, com todo suporte hospitalar.

A Sesau esclarece que busca oferecer as melhores condições às pacientes, em decorrência do longo período de permanência na unidade. Todos os medicamentos e insumos necessários para melhorar a qualidade de vida das crianças estão sendo adquiridos. Inclusive as fraldas e o material para fixação de traqueostomia já estão à disposição das pacientes.

A Sesau informa ainda que a vistoria do Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria Pública do Tocantins ocorreu no mês de março, que as situações referentes ao carro de emergência e bala de oxigênio já foram resolvidas e que  sempre que o quadro de saúde das pacientes requer cuidados de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são disponibilizados leitos.

Atualmente o Estado conta com 134   leitos de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, além desses, outros 55 leitos existem nos hospitais privados. A secretaria ressalta que quando o número de leitos é insuficiente o Estado, através da Central de Regulação, faz busca em qualquer estado da Federação, seja em hospitais públicos ou privados, para garantir o atendimento ao usuário.


(Atualizado às 17:49)

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