Sucateado, projeto Nego D'água está parado há um ano; Gaia explica

Orçamento para recuperar embarcação chega a R$ 160 mil, conforme última vistoria realizada há dois anos por um profissional da UFF

Embarcação foi depredada há três meses e ONG não registrou Boletim de Ocorrência
Descrição: Embarcação foi depredada há três meses e ONG não registrou Boletim de Ocorrência Crédito: Roberta Tum

Grande aliado na educação ambiental, além de incentivar pesquisas voltadas à qualidade de água no reservatório da Usina Hidrelétrica de (UHE) Lajeado, o projeto Nego D’água ganhou uma embarcação em 2007 que custou quase R$ 500 mil e foi viabilizada graças à intervenção de vários agentes políticos e administrativos, mas que está sem receber atividades há pelo menos um ano. Que a embarcação está ancorada no porto da Praia da Graciosa já ultrapassa dois anos.

 

As informações são do presidente interino da Associação de Conservação do Meio Ambiente e Produção Integrada de Alimentos da Amazônia (Gaia), Luís Hildebrando Ferreira Paz, que contabilizava investimento mensal de R$ 2 mil, ainda no início do projeto, incluindo salário do barqueiro e as contas fixas.

 

A associação Gaia é a responsável por gerir o uso da embarcação e por fazer com que o projeto continue existindo. Porém, ao T1 Notícias o presidente Hildebrando, relatou estar desmotivado por, vários anos, buscar parcerias e nunca receber um retorno positivo. “Hoje o projeto está parado porque o maior incentivador era a antiga Celtins. Depois que ela foi vendida, perdemos nosso patrocinador”, disse.

 

Questionado se não seria interessante buscar apoio junto aos parlamentares estaduais e/ou federais, Luís Hildebrando disse que ainda não havia cogitado a possibilidade, uma vez que haviam decidido "não envolver política". “A princípio nunca quisemos envolver política, mas talvez seja uma saída. Certa vez um deputado prometeu ajuda, mas nunca chegou até nós”, salientou sem citar nomes.

 

Dificuldades

 

Há dois anos um profissional da Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) vistoriou a embarcação e, conforme orçamento apresentado, seria necessário R$ 160 mil para fazê-lo voltar a rodar.

 

O valor exclui o fato de a embarcação ter sido alvo de vândalos há três meses, conforme relatou Hildebrando: “quebraram o vidro, entraram e danificaram internamente a embarcação”, descreveu. Mesmo com a invasão e a depredação do bem particular, a associação não procurou uma delegacia e não registrou boletim de ocorrência sobre o caso.

 

Além da dificuldade financeira enfrentada pela associação, Hildebrando também relatou que a Prefeitura de Palmas se recusou a continuar fornecendo energia elétrica à embarcação, o que levou ao abandono total da instalação. “Antes a gente desenvolvia atividades lá dentro, mas como é um barco pequeno e fechado, é muito quente e fica inviável trabalhar lá dentro”, enfatizou.

 

O presidente relatou ainda que a motorização da embarcação também se tornou um grande problema. “A motorização a gasolina inviabilizou os passeios. Por ser barco pesado, consume em torno de 30 a 50 litros/hora. O primeiro passeio que fizemos foi para Brejinho de Nazaré via fluvial, que leva umas 9 horas saindo de Palmas. Isso inviabilizou no processo para o qual ele foi feito”, alfineta, esclarecendo que o projeto visa despertar a consciência ambiental.

 

Parcerias

 

Mesmo desmotivado, Hildebrando garante que tem buscado parceria com a Faculdade Católica do Tocantins, mas que as negociações já se arrastam por pelo menos um ano.

 

O T1 Notícias entrou em contato com a Prefeitura de Palmas questionando sobre o fornecimento de energia à embarcação, mas o Executivo Municipal disse que "não há nenhum tipo de convênio ou termo com a ONG Gaia para manutenção da energia elétrica do barco Nego D’Água", ou seja, "não havendo convênio ou termo de parceria, o município não tem condições legais para fazer qualquer repasse à instituição".

 

 A equipe de reportagem tentou contato com a Faculdade Católica, mas as ligações não foram atendidas.

 

O barco

 

Adquirido em 2006 pela Investco, empresa responsável pela formação da usina, quando em funcionamento o barco Nego D’água comportava 40 passageiros e três tripulantes. Internamente são disponibilizados alojamento, banheiros, cozinha e sala de aula para 35 alunos. O barco já chegou a navegar o trecho do Lago em Palmas, Ipueiras, Brejinho de Nazaré, Porto Nacional, Lajeado e Miracema.

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