Superlotação na CPP de Guaraí chega a 369% acima da capacidade, aponta DPE

Órgão recomenda que Seciju “proceda a solução de diversas irregularidades e ilegalidades” na unidade prisional

Vistoria foi realizada no último dia 10, mas recomendação foi protocolada dia 24
Descrição: Vistoria foi realizada no último dia 10, mas recomendação foi protocolada dia 24 Crédito: Divulgação/DPE-TO

Uma vistoria realizada pela Defensoria Pública do Estado (DPE-TO), no Núcleo de Custódia e na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Guaraí realizada no último dia 10 levou à emissão de recomendações à Secretaria Estadual de Cidadania e Justiça (Seciju), para que se proceda a solução de diversas irregularidades e ilegalidades no local.

 

Segundo o órgão fiscalizador, a superlotação da unidade prisional é o principal problema, ultrapassando os 369% da capacidade legal permitida.

 

Devido à superlotação, outros problemas são gerados como conseqüência, continua a DPE, ao salientar a falta de camas para a maioria dos presos recolhidos, a falta de segurança apropriada e condições precárias de higiene e limpeza, o que potencializa contaminações e proliferação de doenças.

 

Estrutura Física

 

Quanto a estrutura física, foi identificada completa precariedade com defeitos nas instalações elétricas e hidráulicas, ausência de local adequado para visita social, vasos sanitários das celas quebrados e falta de separação de celas entre presos provisórios e condenados, tampouco entre presos primários e reincidentes.

 

 Foi identificada, também, a redução da quantidade de alimentos e falta de variedade. “Conforme informações obtidas na unidade, a nutricionista não comparece ao estabelecimento prisional há mais de três meses”, declara o documento.

 

Saúde

 

A CPP de Guaraí conta, atualmente, com 133 presos e não há uma equipe de saúde própria. Conforme declaração dos reeducandos da unidade, os encaminhamentos à unidade básica de saúde não estão sendo feitos de forma regular, uma vez que as consultas médicas são agendadas, mas não cumpridas.

 

De acordo com a direção da CPP, o problema ocorre em razão da insuficiência de veículos e de servidores disponíveis na unidade para encaminhamento das pessoas presas ao atendimento médico e odontológico.

 

A quantidade de profissionais para a segurança adequada é outro problema, sendo insuficiente para a quantidade de reeducandos recolhidos. Além disso, a unidade apresenta condições de trabalho inadequadas, a exemplo do alojamento, armamentos letais e não letais insuficientes. Falta também equipe multidisciplinar, pois não há serviço de assistência social, Comissão Técnica de Classificação dos Condenados e as atividades educacionais estão suspensas, desde o último dia 2.

 

Agressões

 

Durante a vistoria, os relatos sobre agressões e truculência de diversos técnicos em defesa social foram unânime. De acordo com as declarações, os presos recolhidos sofrem ameaças, agressões físicas e psicológicas durantes os procedimentos. Em contraponto, a unidade também não mantém projetos de ressocialização e remição de pena, especialmente os relacionados ao trabalho.

 

 A prática da revista vexatória é ilegal, porém, acontece na unidade de Guaraí. Segundo os reeducandos, os familiares são submetidos, constantemente, à prática de agachamentos e desnudamento total para que possam realizar as visitas.

 

 A Recomendação informa, ainda, que o estabelecimento prisional não é adequado ao cumprimento da pena no regime semiaberto, pois a capacidade do espaço destinado a tal regime é para oito pessoas, contudo, atualmente, pernoitam 21 reeducandos, além de ser um quarto pequeno e insalubre.

 

 Recomendação

 

Diante do cenário encontrado, a DPE-TO apresentou a recomendação à Seciju, solicitando a tomada de providências, em até 30 dias. O documento pede a apresentação de plano e cronograma para solucionar a superlotação no Núcleo de Custódia e na Casa de Prisão Provisória de Guaraí, adequando a população carcerária à capacidade real da unidade; a adoção de providências para a regularização do fornecimento da alimentação, bem como a efetiva orientação do cardápio por uma nutricionista; o fornecimento de local adequado e camas para todos os presos; a solução urgente dos problemas relativos à fiação elétrica exposta, os defeitos hidráulicos e vasos sanitários deteriorados; a regularização no fornecimento de kits de higiene e material de limpeza; a expedição de orientação à unidade prisional acerca da não realização da revista vexatória aos visitantes, à orientação à unidade para que sejam cessadas as possíveis práticas de tortura; a implantação de projetos de ressocialização e remição de pena; a retomada de atividades educacionais; a regularização dos atendimentos médicos e odontológicos; a nomeação de novos servidores técnicos em defesa social; e a adoção de medidas para a correta separação de presos provisórios e condenados, bem como de primários e reincidentes, dentre outras providências.

 

O documento é assinado pelos defensores públicos: Neuton Jardim, coordenador do Núcleo Especializado de Defesa dos Direitos Humanos (NDDH), e Fabrício Brito, coordenador auxiliar do Nadep. A Recomendação foi protocolada na quarta-feira, 24.

 

Seciju

 

Ao T1Notícias a Secretaria de Cidadania e Justiça informou apenas que "ainda não foi notificada das recomendações".

 

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