O fato novo desta semana, do mês e quiçá com desdobramentos ainda mais reveladores nos próximos dias, sacudiu desde as primeiras horas da manhã tocantinenses que não esperavam pelo que estão vendo, lendo e ouvindo.
Uma teia intrincada de crimes que vão de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, a assassinato, se desvenda sob olhares espantados. E arrastam para o bojo de matérias nomes importantes, até então respeitados na sociedade e que não haviam freqüentado as manchetes policiais.
Os comentários anônimos postados por ocasião da morte do oficial de Justiça desaparecido em Miracema – Vanthieu Ribeiro – os telefonemas de fontes assíduas, pedindo para investigarmos sem identificá-las, agora mostram que tinham seu quê de razão. Por trás do assassinato do rapaz, revela a Polícia Civil (num trabalho extenso, criterioso e elogiável) havia mesmo uma queima de arquivo.
Operador da quadrilha para sacar e distribuir $, oficial de justiça foi morto
Operador da quadrilha para sacar no banco, vultuosas somas de dinheiro (chegariam a cifras da ordem de R$ 300 a R$ 400 MIL reais) era ele quem fazia a partilha para os envolvidos, revelou o delegado. A Operação Maet com suas escutas telefônicas autorizadas começou e continua desenrolando fios e mais fios de práticas ilícitas que ninguém sabe ao certo onde vão parar.
Numa destas é que pode ter caído Vanthieu Ribeiro, que estaria propenso a “abrir o bico” como se diz na gíria da polícia. E por isto morreu. A suspeita forte, os rumores de ponta de rua agora estão materializados num inquérito policial que faz mais: revela extratos bancários, autorizações judiciais de saques astronômicos em contas inativas de gente que já morreu.
Esquema impossível de acontecer, diz o delegado em reportagem extensa da jornalista Samia Cayres neste portal, sem a participação de um tripé poderoso envolvendo membros do judiciário,ministério público e influentes da sociedade.
Sobre ex-presidente da Naturatins, pesa suspeita de intermediar transações
Entre os influentes, apontado pelo delegado do DEIC como lobista, elo de contato entre a membros da quadrilha e membros do Ministério Público, está Stálin Beze Bucar, conhecido popularmente como Stálin Júnior, por levar o nome do pai, deputado estadual Stálin Bucar. Ele, o Beze, presidiu o Naturatins até o ano passado, denunciou ilícitos ambientais, é agropecuarista conhecido cuja esposa, empresária de sucesso em Palmas foi destaque recente na revista Istoé. Segundo o delegado,é suspeito de intermediar transações da quadrilha.
A Civil pediu mandados de prisão e de busca e apreensão. No judiciário só conseguiu o segundo. Nenhuma prisão foi decretada. Sem entrar no mérito do entendimento que moveu a negativa, a riqueza de informações que a polícia detém é de pasmar qualquer cristão.
Obviamente inquérito não é ação julgada e todos os envolvidos, inclusive Stálin Júnior deverão se defender. Mas o que vem à público com uma riqueza de detalhes impressionante, retirada de extratos bancários, computadores apreendidos, documentos é realmente de sacudir a sociedade de Palmas, Miracema e arredores.
A casa literalmente caiu. A começar por dezembro na primeira operação que abalou a crença na impunidade de muitos. Agora, volta a cair neste começo de Junho.E tudo indica que promete seguir caindo para muitos que ao que parece – vinham agindo à revelia da lei e do direito como se protegidos pela eterna impunidade.
Nesta quarta-feira de Operação Inconfidente, a Polícia Civil devolve a todos nós com sua ação reveladora, um pouco da crença naquele antigo ditado popular: aqui se faz, aqui se paga.Que a dívida social dos que vinham roubando, fraudando e ao que tudo indica chegaram a mandar matar, não possa ser paga com o fruto do que foi furtado nas contas inativas de gente que já morreu.
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