A casa caiu! Ou: aqui se faz, aqui se paga (e não pode ser com dinheiro de conta inativa)

São espantosas as informações destrinchadas pelo delegado Evaldo de Oliveira Gomes, do DEIC responsável pela Operação Inconfidente, da Polícia Civil que despertou o Tocantins na manhã desta quarta-feira, 1º de junho, novamente com aquele estupor que ...

O fato novo desta semana, do mês e quiçá com desdobramentos ainda mais reveladores nos próximos dias, sacudiu desde as primeiras horas da manhã tocantinenses que não esperavam pelo que estão vendo, lendo e ouvindo.

Uma teia intrincada de crimes que vão de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, a assassinato, se desvenda sob olhares espantados. E arrastam para o bojo de matérias nomes importantes, até então respeitados na sociedade e que não haviam freqüentado as manchetes policiais.

Os comentários anônimos postados por ocasião da morte do oficial de Justiça desaparecido em Miracema – Vanthieu Ribeiro – os telefonemas de fontes assíduas, pedindo para investigarmos sem identificá-las, agora mostram que tinham seu quê de razão. Por trás do assassinato do rapaz, revela a Polícia Civil (num trabalho extenso, criterioso e elogiável) havia mesmo uma queima de arquivo.

Operador da quadrilha para sacar e distribuir $, oficial de justiça foi morto

Operador da quadrilha para sacar no banco, vultuosas somas de dinheiro (chegariam a cifras da ordem de R$ 300 a R$ 400 MIL reais) era ele quem fazia a partilha para os envolvidos, revelou o delegado. A Operação Maet com suas escutas telefônicas autorizadas começou e continua desenrolando fios e mais fios de práticas ilícitas que ninguém sabe ao certo onde vão parar.

Numa destas é que pode ter caído Vanthieu Ribeiro, que estaria propenso a “abrir o bico” como se diz na gíria da polícia. E por isto morreu. A suspeita forte, os rumores de ponta de rua agora estão materializados num inquérito policial que faz mais: revela extratos bancários, autorizações judiciais de saques astronômicos em contas inativas de gente que já morreu.

Esquema impossível de acontecer, diz o delegado em reportagem extensa da jornalista Samia Cayres neste portal, sem a participação de um tripé poderoso envolvendo membros do judiciário,ministério público e influentes da sociedade.

Sobre ex-presidente da Naturatins,  pesa suspeita de intermediar transações

Entre os influentes, apontado pelo delegado do DEIC como lobista, elo de contato entre a membros da quadrilha e membros do Ministério Público, está Stálin Beze Bucar, conhecido popularmente como Stálin Júnior, por levar o nome do pai, deputado estadual Stálin Bucar. Ele, o Beze, presidiu o Naturatins até o ano passado, denunciou ilícitos ambientais, é agropecuarista conhecido cuja esposa, empresária de sucesso em Palmas foi destaque recente na revista Istoé. Segundo o delegado,é suspeito de intermediar transações da quadrilha.

A Civil pediu mandados de prisão e de busca e apreensão. No judiciário só conseguiu o segundo. Nenhuma prisão foi decretada. Sem entrar no mérito do entendimento que moveu a negativa, a riqueza de informações que a polícia detém é de pasmar qualquer cristão.

Obviamente inquérito não é ação julgada e todos os envolvidos, inclusive Stálin Júnior deverão se defender. Mas o que vem à público com uma riqueza de detalhes impressionante, retirada de extratos bancários, computadores apreendidos, documentos é realmente de sacudir a sociedade de Palmas, Miracema e arredores.

A casa literalmente caiu. A começar por dezembro na primeira operação que abalou a crença na impunidade de muitos. Agora, volta a cair neste começo de Junho.E tudo indica que promete seguir caindo para muitos que ao que parece – vinham agindo à revelia da lei e do direito como se protegidos pela eterna impunidade.

Nesta quarta-feira de Operação Inconfidente, a Polícia Civil devolve a todos nós com sua ação reveladora, um pouco da crença naquele antigo ditado popular: aqui se faz, aqui se paga.Que a dívida social dos que vinham roubando, fraudando e ao que tudo indica chegaram a mandar matar, não possa ser paga com o fruto do que foi furtado nas contas inativas de gente que já morreu.

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