A hora da verdade vai chegando para deputados e partidos

A semana política no Tocantins começou emendada com a que terminou. Na verdade, para políticos e jornalistas, não teve sábado nem domingo no calendário. No sábado, dois eventos de peso: a revogação da lei das indiretas que estava ameaçada por ações d...

Na semana passada o vereador José do Lago Folha Filho (PTN), fez um comentário na tribuna da Câmara Municipal, que virou destaque na frase do dia da nossa coluna eletrônica, Café On Line. Folha disse que Gaguim tinha conseguido acabar de uma só vez com a Aliança da Vitória e com a União do Tocantins. Eu acrescento: conseguiu também desmantelar o DEM. Mas explico: não é Gaguim, pura e simplesmente, o autor de todas estas transformações mas o momento político que vive o Tocantins.

Os deputados estaduais andaram a reboque do executivo desde a criação do Estado. Todo governo na história do Tocantins teve maioria, fosse ele qual fosse. Uns tiveram mais, e durante um período maior de tempo. É o caso da União do Tocantins durante os dois últimos mandados de Siqueira. Depois de tanto tempo como coadjuvante, os deputados vivem seu momento de independência e de glória: a escolha do novo governador, caiu no colo dos 24.

Era lógico e também legítimo, que quisessem eleger um deles.Por que não? Assim, acabou da noite para o dia, com a votação do Rced, o controle do até então governador Marcelo Miranda(PMDB) sobre a bancada de governo. Cassado e afastado da cadeira, Marcelo já sente os efeitos da perda do poder da caneta. De um lado, pelo tratamento recebido do governador interino, seu companheiro até bem pouco tempo. De outro pela dificuldade de construir uma chapa dentro do PMDB que possa resistir ao poder de convencimento, transformado em votos, do interino.

A vida como ela é

O poder que emana do povo, desta vez emana dos 24 deputados. Eleitos pelo povo, sem dúvida. Mas alçados à condição de eleitores privilegiados, eles decidiram seus votos independente dos seus partidos. Os que controlam as legendas - é o caso de José Geraldo e Marcello Lélis - estão respaldados pelos companheiros, com quem dividirão o espaço no governo. Afinal, como é sabido, político não sobrevive sem espaço, e política não se faz sem companheiros. Os outros precisavam seguir sua vontade, de preferência referendada pelos líderes, que controlam os partidos. Mas não foi fácil assim.

Com o passar dos dias e o trabalho rápido de Gaguim nas articulações, o “estouro da boiada”, foi se configurando através da rebelião anunciada dos deputados contra seus líderes. Antes ainda do DEM, ela começou no PSDB de Stálin Bucar, que chamado pelo ex-governador Siqueira Campos para entrar na defesa das Diretas Já, não escondia que preferia indiretas, e preferia Gaguim.

Depois veio o acerto do deputado Paulo Roberto para ser vice, ao que consta, também sem consultar a senadora Kátia Abreu. Do acordo sinalizado por ela, não desmentido, e em seguida rompido veio toda a confusão pela qual passa o DEM, e que deve culminar no anúncio de desfiliação de três deputados: César Hallum, Ângelo Agnolim e o próprio Paulo Roberto.

Os “três homens sem medo” sabem do risco que correm de perder o assento na Assembléia. Afinal o entendimento de que o mandato pertence ao partido está assentado no STF. Se o processo de cassação e posse durar os três meses que restam deste ano, com toda boa vontade dos tribunais em julgar liminares e recursos, os deputados terão perdido um ano de mandato. Em ano eleitoral.

Sem amarras

Numa mesa de maioria pedetista semana passada ouvi a seguinte frase para justificar a saída dos deputados democratas:“Ninguém agüenta mais chibata e espora. O momento é novo no Tocantins, política se faz conversando”. No argumento do grupo, que cresceu com a eleição de Raul em Palmas e cresce mais ainda agora indicando o vice de Gaguim, quem não conversar, não respeitar os mandatos e não compor com os companheiros, ficará isolado no processo.

A grande dúvida que me restou depois de ouvir Siqueira no sábado, ler as notas de Kátia Abreu e Oliveira, e também ouvir os deputados do DEM e da UT, é de como o povo entenderá tudo isto daqui para o ano que vem.

Qual será afinal a leitura das urnas? Se de um lado não se faz política sem os políticos - e a vitória de Raul Filho mostrou isso ano passado – por outro lado o povo, é sabido, vota nos líderes em quem confia, independente dos partidos em que estejam.

E as pesquisas mostram que Siqueira e Kátia continuam absolutos na lembrança do povo quando se pergunta a preferência para governo. Os dois terão legenda própria se decidirem disputar. Nesta semana, em que se aproxima o prazo limite para filiações (e por conseqüência, desfiliações), vai chegando a primeira hora da verdade para partidos e deputados. Nela, cada um escolhe  de que lado quer ficar.

A segunda e definitiva hora da verdade chega em outubro do ano que vem. É lá que o povo vai responder,nas urnas, de que forma entendeu todo este processo político vivido hoje no Tocantins.

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