A hora é de administrar com responsabilidade

Os primeiros 10 dias do governo Gaguim passaram em meio a um turbilhão de providências e chumbo trocado entre a base aliada e a oposição ao governo através da mídia. O novo governador - que assegurou seu posto com o apoio de 22 parlamentares na Casa,...

Acabou o primeiro round da luta, quando Carlos Gaguim (PMDB) fez valer a vantagem que tinha de condutor do processo e venceu as eleições indiretas. O segundo round vai se desenrolar nas barras dos tribunais nos próximos meses, até que a justiça se manifeste definitivamente, validando ou não a forma como aconteceu o processo indireto de eleições no Tocantins.

Passados os primeiros dias de governo, Gaguim foi rápido na caneta e confirmou o acordo dos 25% devidos ao funcionalismo, semana passada. Detalhou a dívida real, e a apresentou à sociedade. Foi à Assembléia Legislativa pedir autorização para empréstimo, e obviamente a conseguiu. Nesta semana, o governador deve dizer à sociedade de que forma pretende pagar a dívida existente, e pactuar com fornecedores uma negociação que inclua cronograma de pagamento.

Agora, pelo bem do Tocantins, é chegada a hora de administrar com responsabilidade. Sem ingenuidade, nem excesso de boa vontade, acredito que o governador está preparado para isso. Terá pela frente dois desafios. Um dentro, e o outro fora de casa.

O peso dos aliados

Tenho conversado com muitos deputados, e o senso desta realidade está presente neles de maneira muito consciente. Ganharam uma oportunidade única de valorizar o parlamento, garantir suas emendas, e pavimentar suas reeleições, ou até vôos mais altos. Mas sabem que a responsabilidade pelo sucesso e pelos erros do governo serão divididas com os 23: Gaguim e seus 22 eleitores.

O que não pode acontecer, é uma vez eleito o governo, aumentar a pressão por cargos, indicações e participações em todas as esferas. O governador precisa ter liberdade para decidir, cortar custos, e manter a máquina enxuta. Sem isso, não tem chance deste governo dar certo.

Outra movimentação que percebo, é a de alguns que têm a visão de que podem influenciar o governador a seu bel prazer, e promover uma “caça às bruxas”, passando pela satanização de pessoas, escolhendo inimigos, e promovendo uma devassa na administração com o objetivo de atingir desafetos e concorrentes.

Os "conselheiros do Rei", ao longo da história, sempre foram pessoas que criaram uma espécie de poder paralelo voltada muito mais para seus próprios interesses. Acabaram se tornando, desde Roma, o maior “fogo amigo” dentro de uma estrutura de poder.

A importância da oposição

Num regime democrático, a oposição cumpre um papel fundamental. Só de saber que ela está lá, vigilante, fiscalizando, esperando um deslize ou um erro, os milhares de administradores responsáveis por cada parcela do governo, por obrigação se tornam mais atentos.

O governo precisa da oposição, muitas vezes até como aliada para varrer para fora os “espertos demais”. Tivesse feito isso, o ex-governador Marcelo Miranda não teria sofrido tantas denúncias e acusações em fim de governo.

O Tocantins precisa

Fazer o governo Gaguim dar certo, não é o desejo de um grupo, ou a necessidade de meia dúzia. É questão de sobrevivência econômica para o Estado, num momento delicado do quadro nacional. É questão de sobrevivência para as prefeituras falidas com a queda nas receitas. É a esperança do servidor público, mas muito mais dos funcionários da iniciativa privada, que só se mantêm nos empregos se eles existirem.

Na verdade, acima de todas as diferenças e preconceitos que alguns ainda possam ter com este governo, ele tem que dar certo. O Tocantins precisa disto. Os tocantinenses merecem.

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