A polêmica transferência de recursos para o MST

Está na Folha de S. Paulo de hoje, uma ampla matéria investigativa que expõe a intrincada rede de instituições ligadas ao MST - Movimento dos Sem Terra, utilizadas para receber dinheiro federal. Nunca antes na história deste país um movimento social ...

Meu primeiro contato com o MST aconteceu no final da década de 80, em Goiânia, por intermédio da então vereadora Marina Santana, do PT. Era uma manhã de domingo, em 1989 quando eu – de folga da batuta no Diário da Manhã – resolvi acompanhá-la a uma reunião nas proximidades da cidade, promovida pelo movimento.

Não vou negar que fiquei fascinada com o que vi. Achei tudo muito autêntico, verdadeiro e justo. A simplicidade das pessoas que chegavam de carroça, à cavalo, ou na carroceria de caminhões. Eram pais de família que trabalhavam na lida do campo. Gente pobre e cheia de esperança de um dia poder trabalhar no seu chão. Foram tempos poéticos aqueles.

O dia passado entre eles, as falas na reunião, e a organização “para a luta”, renderam uma boa matéria especial na semana seguinte. E eu nem tinha ido lá pra isso. Passados muitos anos, já no Tocantins, tive oportunidade de conhecer um acampamento às margens da BR-153. Alí o clima já era outro. A tensão era grande, e havia armas. O impacto que senti foi bem diferente.

Agora, 20 anos depois daquela primeira experiência tenho dificuldades em ligar o MST de hoje às primeiras imagens que ficaram na minha mente. Talvez pelos últimos fatos, onde a violência e a militarização vieram à luz de forma nua e crua.

Já posso até ouvir os amigos dos movimentos sociais reclamando, “que a mídia é parcial e capitalista” e que o movimento “mantém uma universidade” entre outras coisas boas mais. Não é isso que está em discussão. Fato é fato, sempre digo isto quando ouço gente grande reclamando da imprensa, nas tribunas ou nos próprios veículos de comunicação.

O fato claro e escancarado pela Folha de S. Paulo, e que está na net hoje, é que o governo federal continua financiando com dinheiro público – por caminhos um pouco mais sinuosos – um movimento cujos segmentos que desafiam a lei estão cada vez mais ativos e no comando.

Na década de 80 e começo de 90, a eleição de Lula era um sonho. Sua chegada ao poder promoveu de fato, muitas mudanças. Eu esperava mais no item reforma agrária. Não aquela utópica, em que o trabalhador rural continua um pobre com terra e sem condições de torná-la produtiva na base da enxada em pleno século 21.

Nunca antes na história desse país um presidente oriundo dos movimentos populares teve tanta chance de fazer algo de concreto pelo seu povo do campo. Eu gostaria de vê-lo fazendo isso às claras, mudando a lei naquilo que é necessário, mas discutindo com a sociedade.

Sem armas, sem sangue e sem dinheiro público distribuído às escondidas para fortalecer o braço do MST que desrespeita a lei.

 

Veja mais sobre estes assuntos na rede:

contasabertas.uol.com.br/noticias/detalhes_noticias.asp

www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u542296.shtml

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