Já fazem pelo menos duas semanas que noticiamos na coluna Café On Line, que a ex-secretária da Setas do Estado, havia sido contratada como consultora sênior pela CNA - Confederação Nacional da Agricultura, para executar um programa com viés mais social voltado para as mulheres do campo. Valquíria ligou para contar que 20 municípios tocantinenses serão atendidos, inicialmente com prevenção à saúde, mas que o programa tem outras nuances, entre as quais o resgate da auto-estima da mulher camponesa, que trabalha tão duro, e nem sempre tem acesso às facilidades da mulher da cidade.
Até aí tudo bem. Ninguém criticou, reagiu, ou classificou a contratação de imprópria, indevida, ou “uso da máquina da CNA” para fins eleitorais. Mas depois deste final de semana de convenções, em que o DEM finalmente decidiu que ficará na oposição ao governo Gaguim e que vai questionar judicialmente o novo governador - possivelmente por abuso de poder político (motivo pelo qual o TSE cassou Marcelo) - a coisa mudou.
O deputado Stálin Bucar, que não era do DEM, mas do PSDB, voltou suas baterias contra a senadora Kátia Abreu, acusando-a de “distribuir cargos”, utilizando-se da estrutura da CNA. A acusação pública e a frase de Bucar – “Não vejo a senadora Kátia Abreu levar obras nem recursos para o Estado do Tocantins” - feriram os brios do deputado Toinho Andrade (DEM), para quem restou a missão de defender o DEM na Casa. O bate boca se estendeu.
Incomodando muito
A acusação de uso da máquina da CNA (apenas uma contratação confirmada por enquanto, justamente a de Valquíria), é só a ponta do iceberg do que virá por aí. Ontem, em entrevista ao programa “Na Ponta da Língua”, da 96 FM, o governador Carlos Gaguim disse que chamará “um por um” todos os prefeitos no Palácio Araguaia, e vai querer saber deles com quem vão ficar. “Os que ficarem contra o presidente Lula, que entreguem os cargos, deixem as parcerias, quero ver se eles vão administrar somente com a senadora”, desabafou.
A bronca é grande, justamente por que a acusação de barganha de cargos por votos repercute na imprensa nacional. Caso Kátia e o DEM protocolem um pedido de impugnação de candidatura, e depois um novo Rced - como o que Roseana já responde no Maranhão - isso atrapalha o governo.
Gaguim vai bater duro, e seus aliados também. No fundo, isto acontece por que o poder de fogo da senadora não é pequeno. Ela tem a presidência da CNA, e dentro dela um leque de opções para trabalhar com programas no campo, não só no Tocantins, mas em todo Brasil. Kátia é hoje um dos nomes de maior expressão que o Tocantins tem no cenário nacional. Some-se a isto tudo mais R$ 20 milhões em emendas, e uma equipe técnica preparada para respaldar os prefeitos na busca por projetos e recursos.
Se no governo Marcelo Miranda a senadora não fez oposição, por estar ligada umbilicalmente à extinta Aliança da Vitória, agora é diferente. É justamente por isto, que os aliados do governador estão prontos e dispostos a explorar todos os fatos e boatos que rendam matérias negativas para a senadora na mídia.
Pelo visto esta é uma guerra que já começou, antes mesmo da eleição de Gaguim estar concretizada. E não tem data para terminar.
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