Amy Winehouse completaria 30 anos neste sábado: família faz exposição em Londres

Cantora morreu há 2 anos e 2 meses, quando tinha 27 anos de idade. Como forma de lembrar e homenagear Amy, a família realiza uma exposição de pertences pessoais dela. Mostra segue até este domingo...

Amy na adolescência, antes da fama e das drogas
Descrição: Amy na adolescência, antes da fama e das drogas Crédito: Arquivo de família

Seguramente em qualquer parte do  planeta uma pessoa já ouviu falar da cantora inglesa Amy Winehouse. Seja pela voz única e distinta dela, pelo visual “largado” ou  de uma pessoa drogada. Pelos tablóides ingleses – os mais sensacionalistas do mundo, o telespectador, ouvinte ou leitor acompanharam gradativamente como a cantora foi destruída pelas drogas, álcool e bulimia. Para alguns, Amy era apenas uma figura caricata, doida e engraçada. Para outros, o estereótipo de como um viciado é capaz de fazer com carreira e principalmente com a própria vida.

Amy Winehouse morreu há dois anos e dois meses, aos 27 anos de idade. Se tivesse viva faria 30 anos, neste 14 de setembro. Para lembrar a data da morte e homenagear o aniversário dela, a família da artista colocou à disposição do público pertences pessoais da cantora no museu Judaico de Londres, localizado em Candem Town, o bairro preferido de Amy, onde ela amou, morou, trabalhou e morreu. A exibição iniciou em julho e terá seu último dia, no domingo, 15 de setembro.

A exposição Um Retrato de Família, idealizado pelo irmão da musicista, Alex Winehouse e da esposa Riva tem a finalidade principal em apresentar aos visitantes, uma Amy humana e normal como qualquer outra pessoa. Eles querem ainda ajudar a descontruir a imagem negativa  que vem sendo propagada desde 2007, quando Amy ganhou o primeiro prêmio da carreira. A ideia é  mostrar ao público  alguém que foi criado dentro dos princípios judaicos com forte base familiar desde que nasceu e não de “louca”, como muitos a definem.  Alex afirma que Amy tinha muito orgulho das raízes judaícas-londrina e foi por isso  que teve a iniciativa em trazer objetos  dela em um lugar que tenha vínculo com a cultura da família - os Winehouse vieram para Londres no século XIX emigrados da Rússia e Polônia.

 “A exposição não é um santuário ou memorial dedicado a alguém que morreu. Amy era a pessoa mais famosa da nossa família, mas ela não era o centro da atenção assim como  nenhum de nós éramos. Somos de uma linhagem com um passado, presente e futuro onde pessoas nascem, casam-se, ficam idosas – de preferência, e depois morrem”, afirma Alex.

O museu dedicou três andares para contar a vida de Amy Winehouse, e claro, embalado pelas suas canções. O espaço é extremamente intimista e quem acompanhou e acompanha a vida de Amy sente além da proximidade com a cantora, um desejo que fervilha em querer ver  e  saber mais e mais da intimidade da artista. “Ver as coisas dela  assim tão próximas de mim é indescritível. Tudo parece muito familiar aos meus olhos”, diz uma visitante.

Muitas das peças da exposição são conhecidas do público, como o vestido “gata arrogante”  -preferido de Amy, e sua famosa sapatilha cor-de-rosa. O mesmo foi usado por ela para o vídeo “The tears dry on their own”.  A Família teve o cuidado em conservar os objetos  igualmente como ela deixou antes de morrer. “O violão estava muito empoeirado e tivemos de dar uma limpadinha para melhorar a aparência, mas com exceção disso, toda a exposição é a Amy em pessoa”, afirma a organizadora da exibição, Elizabeth Selby.

O universo de  Amy é muito mais do que de uma pessoa que só aparecia na mídia de maneira bizarra. As cores preferidas  de Amy dão um toque à mais nos espaços da mostra como a rosa, azul, branca e cinza. A cantora tinha uma paixão por objetos antigos preferencialmente dos anos 50 e 60, como um balcão que em tese seria usado para acomodar bebidas, mas na casa da cantora era um depósito de “contas a pagar e cartas que recebia”.

A infância de Amy é demonstrada pelos gibis do Snoopy – um deles roubado do irmão quando ela tinha 12 anos, jogos de quebra-cabeças e palavras-cruzadas e muitos livros infantis que lia quando criança. Todos essas peças estavam devidamente escondidas já que  a cantora não gostava que ninguém soubesee desse seu lado “idiota”.  Na garimpagem na casa da inglesa, o irmão afirma que sentiu-se profundamente tocado ao deparar com a jaqueta e gravata que a irmã usava no jardim de infância. Para ele, só uma pessoa que valoriza muito as raízes, o passado é capaz de guardar algo que pertenceu à sua infância.

Como sempre mencionava em suas entrevistas, a cantora considerava-se caseira e adorava cozinhar para amigos e família. Os imãs de geladeira sugerem uma Amy brincalhona e sarcástica e que adora palavrões. “Oh, meu Deus, sou tão loira às vezes”, consta um deles.

A família era também um ponto de apoio e respeito por parte da cantora. Amy colecionava cartas trocadas entre seus familiares e tem centenas de fotos atiradas numa mala quase cheia, também localizada em sua casa. Dois dias antes de morrer, o pai esteve em sua residência revendo as fotos com a filha, lembra o irmão em entrevista ao The Observer.

A exposição não esqueceu ainda em mostrar o amor que Amy tinha pelo bairro alternativo de Camden Town. Em seus pertences uma passagem de metrô emitida na estação de Camden que data dias antes de morrer. “Ter acesso à essa passagem demonstra o quanto ela queria ser apenas uma pessoa normal, mas que a mídia ajudou a destruir”, disse um fã asiático. O Good Mixer Pub frequentado assiduamente por ela, antes e depois da fama é ainda uma curiosidade sobre o bairro explicado na mostra. Em Camden Town é comum os bares estamparem fotos e cartazes Amy. “Ela era extremamente local e conhecida”, assegura um garçon. Quando tocava nos bares so setor, Amy paralelamente vendia velas no mercado de Camden,  por lá também fez amigos, comprou sua casa, trazia a mídia para si e para Camden.

Um Retrato de Família é válido não apenas por  aproximar o público dos objetos pessoais de Amy Winehouse, como para entender um pouco mais de uma artista que foi considerada a melhor voz do século XXI, e que mesmo numa carreira curtíssima tem o mérito de ganhar seis grammys e muito outros prêmios.  

A mostra de Amy Winehouse acertou em vários aspectos como por exemplo,  o de ser em Camden Town e num museu  judaico ambos fortemente representativos para Amy Winehouse. Mas o principal mérito da exibição, por assim dizer,  tem sido o de  aproximar  intimamente o público à cantora que era uma artista completa, reconhecida internacionalmente, transparente, simples na essência e que não buscava a fama e muito menos dinheiro e lutava por uma vida simples e sem holofotes.

Amy Winehouse era consciente da voz que possuía  e o seu único desejo era que as pessoas ouvissem suas músicas e esquecessem dos problemas, pelo menos por cinco minutos. “É só isso que espero das minhas canções”, reforçou inúmeras vezes em entrevistas. Não há dúvida que ela alcançou esse sonho, pois em dez semanas de exibição o museu registrou um acréscimo de 300% de público um recorde para o museu, mas não para Amy que venceu tudo na vida, menos o caminho sem volta das drogas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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