“Agora eu posso dormir”. Com esta frase-desabafo, Edna Agnolin, vice-prefeita de Palmas, presidente metropolitana do PDT encerrou nossa entrevista ontem, sexta-feira, 29, por volta das 22hs, após a reunião que promoveu com seus companheiros de partido, pré-candidatos a vereador em Palmas para oficializar o apoio da legenda ao pré-candidato Marcelo Lélis.
O deputado do Partido Verde, fechava um dia de quatro anúncios de apoio: o PMDB, logo cedo; o esperado apoio de Vicentinho Alves e Nilmar Ruiz, a dissidência do PR; o PSC do Pastor Amarildo, às 19hs, e finalmente o PDT do casal Edna e Ângelo Agnolin.
Não duvido da importância de cada um agregado ao processo, mas seu peso eleitoral e o valor deste apoio no imaginário do leitor, não me cabe avaliar agora. Vamos saber ao certo, fechadas as urnas no dia 7 de outubro.
O peso moral do apoio do PDT, e o que vão significar os 18 pré-candidatos a vereador, virados do avesso nas ruas em busca de votos para si e para o seu candidato a prefeito - que a convenção homologará na tarde de hoje – ficou nítido para mim, ao ouvir ontem as apresentações de cada um, e perceber a unanimidade do discurso.
Estão todos seguindo o pulso firme de uma liderança, que cada um queria ver candidata a prefeita. Mas não foi possível.
Também ontem, na convenção do PSB, foi possível perceber que o prefeito Raul Filho acusou o golpe de ver esvaziada sua base de apoio neste final melancólico do mês de junho para o petista. Raul partiu para atacar o PMDB, que até semana passada era parceiro preferencial. Desde que não tivesse candidato. Que o diga o deputado Eli Borges, o primeiro a deixar decepcionado o gabinete do prefeito há 15 dias.
Os fatos é que são cruéis com o prefeito. Não os seus ex-aliados que vão subir em outro palanque. Raul deixou o barco correr. Hoje, percebe-se, não por que não pudesse conduzir o processo, mas por que de fato, já estava acertado bem lá atrás com o senador João Ribeiro.
Com o apoio do pai, a estrutura que tem de gabinete, Luana movimentou a cidade, subiu nas pesquisas, fez divulgar bem este crescimento, fermentado ou não, e chegou em segundo no momento da decisão. Ou seja: deu à Raul os elementos para aponta-la como a escolhida.
Aliados de ontem, adversários de amanhã...
E Edna? Onde ficaria nesta história? A Edna que abriu mão da sua postulação há quatro anos para apoiar Raul? Edna que foi para as ruas e para os palanques desconstruir o discurso da então adversaria apoiada por Marcelo Miranda, Nilmar Ruiz? Edna que fez a diferença numa eleição disputadíssima por três forças políticas, na qual brilhou a estrela de Marcelo Lélis, chegando em segundo lugar, sem apoio de nenhuma máquina administrativa?
Para entender o presente é preciso olhar para trás. Edna, que deu tudo de si para ser a candidata do grupo, tinha um acordo lá atrás com Raul, que esta seria a vez dela. Sobre isto, disse Donizete Nogueira recentemente: “O PT vive hoje os reflexos de 2010, quando Raul deixou passar a maior oportunidade de sua vida: ser candidato a governador. Tivesse sido, e o resultado da eleição seria outro. E ele teria cumprido o compromisso político que fez”.
Pois é. Não cumpriu. Ontem, um dos pré-candidatos a vereador, Eliel Borba, expressou bem este sentimento, ao se apresentar para Marcelo no diretório do PDT: “Nosso candidato passa a ser você Marcelo, por que esta é a decisão da nossa líder, Edna Agnolin. Saiba que os compromissos que ela fez com você, nós vamos cumprir, por que o que faltou para nós foi cumprirem os compromissos que tinham com ela”.
Discreta, a vice-prefeita, que vinha amargando nas pesquisas o reflexo da rejeição do abandono da cidade nos últimos anos, saiu à francesa. Não bateu, não criticou, sequer citou o grupo que deixa para trás ou o prefeito Raul. Foi fina.
“Diante dos últimos dias de agonia, o que posso dizer é que tenho a presença de Deus muito forte no meu coração. Vamos em frente com este projeto, que eu acredito que agora, é o melhor para Palmas”.
Nenhum candidato, ou candidata do outro palanque poderá dizer que Edna Agnolin traiu o PT ou Raul. Sua decisão de ontem, se sacrifica mais uma vez seu projeto pessoal, salva a chapa de vereadores, que terão as condições mínimas para buscar seus mandatos nas urnas.
Por isso, o observador menos atento, não deve misturar alhos com bugalhos. Ao apoiar Marcelo Lélis, Edna Agnolin foi movida pela sobrevivência política, depois de dar tudo que podia ao grupo em que estava.
Ninguém, em sã consciência, pode lhe tirar a razão.
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