Aragão faz um giro de 180 graus e volta ação política para defesa prática das bases, mas a patrulha não perdoa

O deputado Sargento Aragão, baluarte das oposições, dono do discurso mais agressivo anti-Siqueira dos últimos anos está mais próximo do que nunca do governo. O movimento de aproximação se deu em bloco: todo o PPS abriu diálogo. No caso de Aragão, o d...

Registrei aqui há alguns dias o momento histórico de aproximação do deputado Aragão com o governo Siqueira, através de sua face mais política, institucional e flexível: o ex-senador Eduardo Siqueira Campos.

Mesmo seus adversários mais ferrenhos admitem o quão habilidoso o ex-senador é quando está em campo fazendo política, articulando apoios.

Pois bem, tinha membro do PPS que já vinha conversando desde o começo do governo. Quando o PT tinha desconfiança sobre o 13º voto naquela eleição “pau a pau” na Assembléia para definir a presidência, um encontro foi marcado num shopping da cidade. Donizete queria a segurança de que alguém das oposições poderia votar com o governo, e assim evitaria expor seus dois companheiros (Amália e Zé Roberto) a um acordo que tivesse chance de derrota. Quem foi visto por lá naquele dia foi Eduardo do Dertins. Que no fim, não foi o autor do 13º voto, assumido, por erro, pelo deputado Iderval Silva, que é do PMDB.

Mas volto ao assunto para lembrar que o PPS, através de seus dois outros deputados, Dertins e Manoel Queiroz, tem se aproximado do governo por uma via ou outra desde o ano passado. Não era o caso de Aragão.

As articulações que o governo conseguiu fazer na dança das cadeiras registrada no começo deste ano legislativo, no entanto, deixaram a oposição limitada, reduzida a um terço da composição da Casa.

O rumo que o deputado Aragão tomou, em abrir diálogo, pode contrariar os que querem vê-lo eternamente na oposição a tudo que vier do governo Siqueira, mas de fato, garantiu a abertura de uma via de negociação que preserve os interesses da sua base.

Este caso do PL 21, que faz alterações na PM e cria novos critérios de promoção reinserindo patentes intermediárias, é emblemático. O que aconteceria se Aragão não tivesse chamado para si a discussão, e aberto um canal de proximidade suficiente com o governo que permita a revisão de alguns pontos, essenciais para a tropa? A maioria decidiria a questão. E já teria decidido, como em outros assuntos da mesma importância em outras ocasiões, possivelmente na semana passada.

Habituado a ser pedra na vidraça, o deputado com certeza está sofrendo com a censura enviesada que recebe de alguns dos seus pares, de apoiadores, de gente da própria polícia e dos que permanecem na oposição. O primeiro entrevero - soube que depois contornado - foi com o deputado Vanderlei Barbosa(PSB), em plenário, semana passada. No twitter, onde cada um fala o que quer, a surpresa de uns e a crítica de outros rola solta.

Nesta terça, 10, Aragão chegou à sessão com um documento assinado pelas 14 associações que chamou de “legítimas representantes da Polícia Militar”,  numa questão de ordem. Foram mais de 86 horas de reuniões. É este documento que o deputado vai defender junto ao governo, e não o PL 21 original.

Ao usar o microfone Aragão fez questão de elogiar a postura de Eduardo Siqueira, que abriu o canal. “Ele foi ao meu gabinete, a meu convite. Não fui eu quem foi ao dele, como outros aí”, disse o deputado. A preocupação com a imagem, e em como a população o verá, é presente na fala e nos argumentos do Sargento que trocou a farda pela política lá atr´´as, naquele episódio de triste lembrança: a greve dos militares.

Num Estado - e num meio político - onde ninguém mais pode se dar ao luxo de bater no peito e dizer que representa alguma ideologia, restou a cada representante defender como pode as suas bases. É o que Aragão está tentando fazer. Mas a patrulha, de fato, não perdoa.

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