O modelo de gestão segundo o qual as prefeituras bancavam a estrutura de suas praias de rio para atrair o turista e aquecer o comércio está falido no Tocantins. Vários são os motivos para isto. O primeiro é que ninguém suporta o alto custo, não só de recepção, segurança, banheiros, medidas de redução do impacto ambiental, limpeza mas também das atrações musicais.
Numa conta simples, o prefeito de Araguacema, Paulinho (DEM), disse na semana passada no programa "Na Ponta da Língua", da 96 FM, que a praia de sua cidade não custa menos do que R$ 500 mil para ser realizada. O valor repassado pelo governo do Estado para as principais praias, através de convênio, é de R$ 100 mil. Quantia semelhante é o que os prefeitos mais articulados conseguem arrancar do Ministério do Turismo. Se Estado e União juntos não conseguem aportar 50% do custo de montagem de estrutura, manutenção de serviços públicos e contratação de shows - que são oferecidos gratuitamente ao público - como é que uma prefeitura de 0.6% de participação no FPM poderia fazer isto?
É uma pura e simples questão de lógica. Sobrecarregados de obrigações e sem a arrecadação de antigamente, os prefeitos de interior lutam e muito para manter os serviços básicos funcionando. É irracional pedir que eles desviem recursos de suas obrigações básicas para oferecer uma estrutura de Temporada de Praia.
Na outra ponta está a privatização da exploração de serviços, através de concessão. É o que está acontecendo em Caseara, onde o prefeito Valtinho, fechou a Praia da Ilha numa mega estrutura, que custou, segundo informações de bastidores, em torno de R$ 600 mil reais. Seu município - ao contrário de Araguacema - não está impossibilitado de fazer convênios em virtude de impedimentos fiscais. Caseara levou cerca de R$ 200 mil de recursos estaduais e federais. Mas o restante está saindo da parceria com a iniciativa privada.
O turista acostumado a levar suas caixas de cerveja, e montar a cozinha própria para passar seja um final de semana, uma semana, ou os 30 dias às margens do rio, reclama. Afinal, o hábito nestas praias nunca foi pagar por tudo que se consome. Mas este ano, em Caseara, quem quiser baratear custos não poderá fazer a travessia para a Praia da Ilha.
Diante da falência do antigo sistema em que os municípios tocantinenses bancavam tudo para atrair o turista, está surgindo uma nova era na exploração turística no Estado. E ela não tem outra via, senão a parceria com a iniciativa privada. Resta aos prefeitos, deixarem aos pobres mortais, uma segunda opção. Que Caseara, Araguacema e tantas outras cidades possam oferecer, além da ala Vip, a Praia Pop para nossa comunidade. Este é o espírito da temporada, afinal: as margens de rios são bens públicos, e devem servir a pobres, remediados e ricos, igualmente.
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