Está começando nesta quinta-feira, 30, em Palmas a movimentação da imprensa local e nacional em torno do evento preparado pela senadora Kátia Abreu para atrair a atenção dos formadores de opinião de todo o país em defesa do Rio Araguaia. Pelas suas características, a princípio o rio não deveria ter hidrelétricas planejadas para construção ao longo do seu leito, mas tem. A senadora é contra, e ao lado dela, tantos outros tocantinenses de diversas áreas de formação e atuação dentro e fora do governo.
Transformar o Araguaia no primeiro Rio Parque do país é a intenção de Kátia, materializada em projeto de lei apresentado ao Senado e que tramita pela Casa. Preservado, ele serviria à pesca, à náutica, ao eco turismo, e jamais à geração de energia e projetos hidro agrícolas, perfil mais apropriado ao Tocantins, e com ressalvas.
De longe pode parecer uma contradição, afinal Kátia representa a bancada ruralista, é presidente da CNA, percorre o Brasil fazendo palestras para explicar a legislação e os motivos de ser contra a aplicação do Código Florestal da maneira como está. De perto no entanto, a coisa é diferente. É difícil para quem conhece e tem uma estreita ligação com o Araguaia abrir mão do que ele representa em biodiversidade e patrimônio ambiental, além do cultural.
A “vocação” deste rio, de águas límpidas e rasas, piscoso por natureza, e pródigo em bancos de areia que formam ilhas e praia durante o período de seca não é produzir energia. Fazer isto é insistir num modelo de desenvolvimento que gera muitos danos, tem alto custo para uma contrapartida pequena.
Falando puramente em números, não é um negócio viável investir em hidrelétricas no Araguaia. Sob todos os pontos de vista é prejuízo: ambiental e financeiro, e a senadora sabe disto. Ao buscar apoio dos seus pares, e a simpatia da imprensa com sua Caravana pelo Araguaia, Kátia demonstra estar a favor do equilíbrio no uso dos recursos naturais, e não apenas e tão somente a favor do lucro em sacrifício deles. É uma quebra de paradigmas.
Cientes disto integram a caravana líderes e agentes governamentais que sabem que a causa está acima do homem, ou neste caso, da mulher. O Araguaia é patrimônio de tocantinenses, goianos e outros ribeirinhos às margens desta bacia imensa, que corta sete estados brasileiros. Defendê-lo, não é tarefa apenas para a senadora Kátia Abreu. É também de Carlos Henrique Amorim, o Gaguim, de Marcelo Falcão, do Naturatins e de tantos outros que embarcam amanhã em Caseara para uma caravana que já começa fazendo história.
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