Fora do Estado desde ontem, quinta-feira, posso ter a exata noção do que é violência institucionalizada. Aquela comum, normal, inserida na rotina das grandes cidades,como São Paulo, a metrópole onde me encontro este final de semana para acompanhar um evento importante. Aqui as ocorrências violentas são comuns, as pessoas se trancam e o nível de insegurança é grande demais.
A tranqüilidade que experimentamos – com exceção dos bairros mais pobres das nossas grandes cidades – é um status próximo do fim, a considerar o avanço das ocorrências de atos de violência de diversos tipos nas últimas semanas.
Quadrilhas organizadas para assaltar bancos, com o objetivo de ter um lucro maior em operações de alto risco, têm atuado com mais intensidade, especialmente no interior. Crimes arquitetados com um grau a mais de inteligência, como o seqüestro que aconteceu esta semana com o gerente do Banco Itaú de Palmas e sua esposa, também já se tornam mais evidentes.
Há pouco mais de uma semana, tratei aqui do caso de jovens desaparecidos e mortos, cujos corpos têm aparecido dias e até semanas depois da execução. E isto foi antes do rapaz de 19 anos ser assassinado na quadra 307 Norte, a sangue frio, num bar bastante freqüentado e numa área residencial.
Os inegáveis crimes de ódio, difíceis de admitir...
E há ainda os crimes de ódio. Motivados (além da vontade de roubar, extorquir, qualquer pessoa que esteja disponível) pela discriminação, pela intolerância com um jeito de ser ou estilo de vida.
É fato que qualquer um possa ser roubado e morto, independente da orientação sexual. Mas é inegável que os homossexuais têm se tornado vítimas do ódio e da intolerância com requintes de uma crueldade especial. Se fecharem os olhos para esta realidade,polícia e autoridades policiais e judiciárias em geral estarão cometendo um ledo engano, um erro incomensurável, que é o de deixar este tipo de comportamento proliferar, se fortalecer, a níveis graves.
Não estou afirmando que o assistente social morto esta semana tenha sofrido tal violência exclusivamente pelo fato de ser homossexual. A “Paulete”, como era conhecido, queridíssimo no seu ambiente de trabalho e convivência, era com certeza, alguém que chamava a atenção. E assim como despertava simpatia, despertava ódios. Os motivos de seu assassinato devem ser investigados sem preconceito. É o que se espera.
Digo isto por que já fazem alguns anos que homossexuais têm sido mortos com violência extrema na capital. E algumas autoridades policiais insistem em dizer que isso não é homofobia. Discordo. Quando além de matar, os criminosos impõem à vítima humilhações de conotação sexual, podem abrir os olhos: tem ódio e requintes de crueldade aí.
O ódio é por si só, um sentimento irracional. Mas este que está despertando com mais intensidade desde que os homossexuais começaram a ganhar maior visibilidade na luta pelos seus direitos de serem tratados com igualdade pela sociedade enquanto cidadãos, é perigoso. E tão ou mais repugnante quanto as práticas que os religiosos mais extremistas lhes imputam.
Sem entrar nas questões pessoais, de foro íntimo, de escolha de cada cidadão para a sua vida, o estado tem o dever, a obrigação de garantir segurança para todos. Sejam “todos”, um gerente de banco e sua esposa, ou sejam “todos”, um cidadão, profissional e lá no fim da lista que o qualifica, homossexual.
Tá na hora de frear esta onda senhores. Antes que seja tarde demais, e outras conseqüências comecem a ser sofridas por toda a sociedade.
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