O vereador Bismarque do Movimento vive um momento difícil na Câmara Municipal. A prova disso foi o desabafo contundente, em que o vereador discursou aos gritos, protestando contra pressões de companheiros, vereadores que ele não citou, mas afirmou estarem em defesa apenas dos seus próprios interesses.
Nos bastidores foi possível levantar que Bismarque ouviu não só reclamações, mas ameaças de perder desde a lideranças a possíveis nomeações de companheiros de sua corrente partidária, caso não mude de atitude na Câmara. “Eu não fui eleito para arrumar empregos para as pessoas. Fui eleito para fiscalizar. Todo mundo sabe que sou representante dos movimentos populares, então me respeite!” bradou aos gritos, da tribuna.
A possibilidade de perder a liderança de bancada depois de ter se posicionado contra o executivo em dois projetos polêmicos: a mudança de nome da avenida Theotônio Segurado e o aumento da passagem para R$ 2,10, foi descartada pelo vereador numa conversa que teria havido entre ele e alguns pares. “Eu fui eleito líder. Para me tirar a liderança, tem que fazer uma nova eleição para a Mesa Diretora”, teria ameaçado.
A divisão dos cargos da Mesa e lideranças está toda amarrada num acordo só. Bismarque sabe disso e embora tenha dito durante a sessão, que está disposto a negociar sua saída da liderança de bancada, não é esse o tom da conversa que aconteceu antes da sessão. O vereador Damaso, um dos primeiros a ficar indignado com a posição adotada por Bismarque na semana passada, ao buscar o MPE, deixou claro que não se sente mais representado pelo petista.
“A pessoa para ser líder, tem que ter a grandeza de ser líder. Como pode ser líder se não convida a bancada para discutir? Como pode ser líder se tem sempre um comportamento diverso da bancada?”, discursou Damaso logo após Bismarque. O vereador Folha, que foi eleito com a Aliança da Vitória e foi o voto decisivo que garantiu a folga necessária para que o prefeito Raul elegesse o presidente da Casa, e mantivesse a maioria, também criticou Bismarque: “ O vereador tem tomado decisões isoladas aqui”.
Depois de descartar um alinhamento a projetos que não defenda e afirmar que não está na Câmara “para receber ordens de quem quer que seja”, Bismarque foi alvo de convites e discursos dos vereadores de oposição. “Sei que o senhor não virá para os Democratas, por que não combina com a sua ideologia, mas conte conosco, a bancada de oposição nesta Casa. O senhor não ficará sozinho”, disse-lhe, por exemplo Valdemar Jr.
O vereador Cavalcante também aproveitou a deixa para dizer a Bismarque que hoje ele estava sentindo a dificuldade que é para um vereador de oposição defender os projetos que acredita. “O senhor pode não estar na oposição, mas já faz uma atuação de oposição ao pensamento do prefeito que está aí”, disse Cavalcante.
Numa encruzilhada entre ser petista histórico mantendo a coerência com as bandeiras defendidas por sua base eleitoral, e se adequar ao comportamento disciplinado de um vereador que não só integra, mas lidera a bancada governista da Casa, Bismarque coloca seu partido diante de um desafio. O PT de Palmas vai respeitar a dialética e deixar livre para votar e agir como quiser seu vereador dos movimentos sociais? Ou vai enquadrá-lo em uma resolução para que ele deixe de atuar contrariando os projetos e determinações do executivo?
O que eu e dezenas de populares assistimos na Câmara Municipal hoje, foi um petista autêntico, e criado nos movimentos populares, se debatendo para manter a independência. A pergunta que fica é: será que isso é possível?
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