Burocracia, pressão ou intimidação: o que está travando investigações importantes no Tocantins?

Há um silêncio grave, no meu entender, em torno de investigações que começaram com todo empenho e têm sido dabandonadas ao esquecimento nos últimos meses no Estado. O que foi feito de concreto na Operação Inconfidente depois da troca de comando? Em q...

O Tocantins vive um momento crucial na sua história, no meu entender, em se tratando de Segurança Pública. E não é compreensível que os setores organizados da sociedade, a imprensa livre, os parlamentares desimpedidos de implicações em crimes, simplesmente silenciarem como numa estranha cumplicidade que pode bem fácil ser entendida como omissão.

Se de um lado a violência ganha requintes que antes não eram vistos por aqui - na ousadia do crime organizado que avança para o interior do País através da rede do tráfico e dos crimes de inteligência - por outro lado casos relativamente simples se perdem na papelada e na burocracia. Traduzindo, é o típico "deixa isso de lado, que sem empenho de ninguém, processo nenhum corre sozinho".

Vejam só, o caso da Operação Maet: ela caminha com todas as dificuldades naturais de uma investigação que envolve desembargadores. Mas não parou, simplesmente por que quem toca é a Polícia Federal. Esta que mesmo constrangida de vez em quando em suas ações, tem prerrogativas de instituição intocável, onde seus agentes passaram em concurso e não podem ser demitidos por ferir poderosos no cumprimento do dever.

Ao que se sabe, foi por medo dos desdobramentos da Maet, que o oficial de justiça Vanthieu Ribeiro foi assassinado, e teve o corpo desovado nas águas do lago. Ainda não se sabe por quem, em que tipo de embarcação, saindo de que propriedade. Perguntas que ficaram sem resposta quando  a Secretaria de Segurança trocou de comando, e a investigação foi dividida em duas.

Nenhuma das duas caminhou mais com a celeridade esperada, como mostra reportagem publicada hoje neste portal. O que acontece então? Entraves burocráticos, desânimo, ordem de não fazer? O vácuo das explicações deixa dúvidas e permite que cada um pense o que quiser.

O que corre solto nas rodas entre polícia e advogados é que a teia da Inconfidente abrange muito mais do que o que veio à tona. E que outros poderosos estariam envolvidos, além dos que já tiveram seus nomes divulgados, em saques nas contas de gente morta. O mesmo esquema que trouxe recentemente ao Tocantins um advogado do Rio de Janeiro para atuar na devolução de recursos a uma cliente e foi ameaçado na descida do ônibus em Miracema, tendo que retornar ao aeroporto escoltado. Matéria ampla neste sentido foi publicada no Jornal do Tocantins.

A esta altura dos acontecimentos, com tudo que já aconteceu em nove meses de governo na pasta da Segurança Pública, queremos muito, todos nós, acreditar que este será o governo da coragem e da determinação política para que o crime seja punido, doa a quem doer: sejam companheiros, falsos companheiros, ou adversários.Mas está faltando mais empenho para que as peças deste quebra-cabeças se mova.

De nossa parte, neste pequeno espaço reservado para pensar livremente, seguimos combatendo o bom combate que é analisar, comparar informações, cobrar providências. Às vezes é arriscado, e as tentativas de intimidação se manifestam de maneira inacreditável, mas persistiremos.

Se cada um fizer sua parte, teremos nos próximos anos uma sociedade liberta da ação de bandidos de colarinho branco ou não. Aos que desanimaram no meio do caminho, ou acham que não vale a pena enfrentar a lida nas profissões que abraçaram para investigar, defender, julgar ou punir, resta evocar o velho Blues da Piedade, de Cazuza. "Vamos pedir piedade, senhor piedade! Lhes dê grandeza e um pouco de coragem!".

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