Domingo é dia de feira. Dia de ir à famosa feira do bosque que recebe milhares de pessoas para saborear os diversos pratos típicos das terras tocantinas, a exemplo da nossa famosa paçoca, do Rei da Paçoca.
No último domingo estive na feira do bosque para conferir as mudanças no local com a tão esperada reforma e também saborear a tradicional paçoca do “Rei da Paçoca”. Mas, para minha surpresa, o trailer do Rei da Paçoca, não estava lá, estacionado, como fazia todos os domingos, durante 11 anos, com sua família, sua esposa Irene e seu filho Max, vendendo paçoca.
Procurei me informar o porquê da sua ausência, mas não tive sucesso. Fiz um lanche rápido e voltei pra casa, sem a minha saborosa paçoca.Esta semana quando estava saindo de um supermercado atacadista, encontrei meu amigo de longas datas, Delson Martins, foi quando eu lhe perguntei o porquê não estava mais na feira vendendo sua tradicional paçoca, com sua esposa e filho. Foi quando me disse que fora impedido de usar o novo espaço da feira, com seu trailer de trabalho, onde a paçoca é produzida na hora e vendida aos seus clientes.
Segundo ele, os responsáveis pela organização da feira, lhe disseram que o trailer usado pelo mesmo, durante anos, poderia estragar o novo calçamento da feira, então ele deveria levar a paçoca já pronta para ser comercializada, sem o uso do trailer.
Há alguns anos, eu havia trazido um jornalista amigo, Rogério Andreatta, de Cuiabá (MT), para conhecer nossa capital, e ele ficou encantado com a nossa tradicional paçoca. Ao ser apresentado ao “Rei da Paçoca”, ele nos mostrou a sua mais nova invenção, o pilão mecânico, que ele mesmo produziu e patenteou, em substituição ao tradicional, usado à mão, onde aumentou consideravelmente a produção da paçoca sem comprometer a qualidade e o sabor da mesma. Ao ver sua invenção meu amigo lhe disse: - você é um empreendedor e vai ganhar o mundo.
Voltando ao nosso diálogo, o meu amigo, Delson, me disse que não voltaria mais à feira para comercializar o produto. Estava decepcionado pela decisão unilateral dos gestores de impedi-lo de usar o “novo” espaço da feira, para ganhar o seu pão do dia a dia com a sua famosa paçoca. Foi aí que lembrei da letra da música de Zé Ramalho, cidadão: “ Foi lá que cristo me disse: “Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar. Fui eu quem criou a terra. Enchi o rio, fiz a serra. Não deixei nada faltar. Hoje o homem criou asas. E na maioria das casas. Eu também não posso entrar.” ·.
Como o conheço há anos, eu o indaguei se o mesmo não havia sido consultado pela gestão, sobre a melhor maneira de como usar o trailer no recinto e se no“ Croqui do projeto”da tão esperada reforma da feira havia algum espaço destinado a comerciantes que usam trailers e reboques.
O mesmo me afirmou que ninguém havia procurado até o momento, simplesmente disseram um “Aqui Não”, que não poderia mais comercializar a paçoca, usando o trailer no local, (somente se a levasse pronta), onde durante 11 anos, atendeu cerca de 500 clientes aos domingos, do Tocantins e de outros estados como Goiânia (GO), Brasília (DF), São Paulo (SP), e até no exterior a exemplo da Alemanha, Japão e Estados Unidos (EUA).
Mesmo com o semblante triste, o mesmo me confidenciou que estava se preparando para industrializar o produto, com a aquisição de mais pilões mecânicos e que a nossa famosa paçoca que fora impedida de ser vendida na feira do bosque, será produzida em grande escala e será comercializada em diversas redes de supermercados do país e quiçá, do exterior.
Foi aí que vi no rosto daquele homem, o espírito empreendedor e lhe disse que os 11 anos trabalhados na feira do bosque não foram jogados fora, por uma decisão unilateral, que apenas lhe disseram um “ Aqui Não” ao espírito empreendedor do nosso povo, disseram um “Aqui Não” aos novos clientes e a dezenas de clientes fiéis que esperavam a chegada do domingo para ir até a feirinha do bosque, comprar a nossa tradicional paçoca (a apimentada nem se fala), do Rei da Paçoca.
Eu, particularmente, não deixei de comprar a minha paçoca, lá na Theotônio Segurado, mas meus domingos nunca serão mais os mesmos, sem a tradicional paçoca da feira do bosque.
Algumas pessoas tem me perguntando o que foi feito daquela família de trabalhadores , que vendia paçoca, na feira do bosque sempre aos domingos. Eu respondo: "A nossa deliciosa paçoca, saiu da feira do bosque para ganhar o mundo".
O “Aqui Não” que disseram ao cidadão Delson Matins, Rei da Paçoca , foi também para os futuros empreendedores que acreditam na capital mais jovem do País, Palmas, recanto dos novos milionários do Brasil.
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