As alterações promovidas acabam com as chances da oposição em caso de empate. Ano passado, por exemplo, se isso ocorresse, o vereador Carlos Braga(PMDB) seria eleito presidente. Nas disputas pelas presidências de comissões, o mesmo critério de idade era utilizado. Para garantir a presidência à Barbosa, eram necessários sete votos. Mas para dar a folga necessária às votações polêmicas, a base de sustentação de Raul precisaria contar com oito votos. O sétimo voto foi conquistado com a garantia da vice-presidência à Cavalcante. O oitavo, com a acomodação na estrutura de poder, dada ao vereador Folha.
Mas o primeiro problema enfrentado pelo atual presidente eram dois pré-candidatos dentro da própria base: Ivory de Lira e José Hermes Damaso. Lira buscou o apoio da bancada ligada ao Palácio Araguaia, no primeiro momento de construção de sua candidatura. Dentro da base, contava com a simpatia do vereador Bismarque do Movimento. O segundo recebeu de bandeja os votos da oposição às vésperas da eleição, mas recusou-se a fazer composição fora de sua base.
O acordo selado para que o vereador Wanderlei Barbosa fosse eleito, passou pelo compromisso do fim da reeleição para presidente, e o fim do critério de antiguidade. Se este prevalecesse, Carlos Braga ainda poderia ser presidente. E depois dele, o próprio Damaso. Para somar mais aos seus dois votos garantidos: Milton Néris e Lúcio Campelo, Barbosa negociou com os adversários dentro do grupo. Ontem, conseguiu dar dois passos necessários ao cumprimento das promessas feitas.
Milton Néris, companheiro de primeira hora de Wanderlei - e que por isso mesmo tem recebido a deferência do presidente em vários momentos críticos (inclusive no entrevero da noite de ontem com Cavalcante) - é dos que não negam que seu voto na sucessão do presidente atual é para Ivory. E, caso este dispute e vença as eleições para deputado estadual, Damaso é o próximo da lista. Só na hipótese de saída dos dois, os vereadores de primeiro mandato entrariam na disputa.
O que pouca gente sabia, e que apurei ontem nos bastidores, são os motivos que levaram o prefeito Raul Filho, e a vice, Edna Agnolin a apoiarem incondicionalmente a candidatura de Barbosa à presidência da Câmara. Era de Wanderlei a vaga de vice-prefeito na chapa Raulzista. Para construir melhores chances de vitória, o grupo precisava que o PSB cedesse a vaga ao PDT. Na troca Barbosa abriu mão e Edna foi acomodada.
Se não bastasse isso, foi do presidente atual a costura da frente de esquerda, num momento desfavorável a Raul nas pesquisas de opinião. Entendido isso, fica mais fácil compreender a lógica que tem movido o grupo do prefeito na Câmara Municipal a fazer as alterações necessárias a acomodar todas as pretensões e luta por espaço de seus companheiros. Uma verdadeira aula de política. Esta arte fascinante que envolve diálogo, cumprimento dos compromissos assumidos e que de vez em quando, envolve perder hoje para ganhar amanhã.
Comentários (0)