Os carros oficiais do governo do Estado continuam, em sua maioria na garagem central, recolhidos até segunda ordem. Mas já é perceptível que voltaram a circular, gradativamente, na medida da necessidade os veículos - com motorista - que atendem as diversas pastas. Digo “com motorista” por que talvez esta seja a mudança mais sensível na forma como o novo governo, sob a batuta de Carlos Gaguim (PMDB) está tratando veículos oficiais e celulares.
Explico: muitos, mas muitos veículos mesmo estavam sob a responsabilidade de diretores, sub-secretários e secretários. Alguns, sabidamente a serviço. Outros, sabidamente buscando crianças na escola, viajando com servidores em férias, coisa que já é do domínio popular.
Nos últimos dias ouvi muitas histórias de abuso de bens públicos, especialmente carros e celulares. Um deles é o da ex-diretora financeira do Araguaia, Vânia Leobas Maracaípe, que segundo contam teria cedido um Fiat Uno – retirado para seu uso - e descaracterizado, para um sobrinho. Este, que não tinha carro particular, usava o do Estado como se fosse seu: para as baladas, para buscar a namorada, para guardar na garagem de casa no final de semana.
Celular com a esposa
Um secretário de primeiro escalão, mantido pelo governador certamente por seus méritos, tinha um celular oficial para si, e outro para a esposa. Esta, perdeu a regalia no novo governo. E foi alvo de comentários das vendedoras de uma operadora de telefonia celular do shopping por que teve - finalmente - que adquirir um aparelho próprio.
Agora o uso de celulares - diz a nova ordem - é para quem precisa ser localizado fora do horário de trabalho. Gente cuja função exige o uso de telefone full time: cerimonialistas, profissionais de postos estratégicos na comunicação, seguranças. Um detalhe curioso: a ordem é que os aparelhos oficiais tenham como toque padrão o jingle do governo: “acelera Tocantins....”. Pra ninguém esquecer.
Caça às regalias
Se prevalecer do primeiro escalão para baixo, a orientação dada pelo governador, nenhum diretor ou superintendente vai conseguir manter, por exemplo, três carros na garagem. A luta para recuperá-los foi árdua e demorada. “O costume do cachimbo entorta a boca”, já diziam os mais antigos.
Não sei se o ex-governador Marcelo Miranda tinha noção de que a farra com veículos e celulares era tamanha. Mas Gaguim sabe. E decidiu colocar um freio na coisa. Neste momento em que o governo retoma a normalidade, a tendência é que devagar, tudo volte a ser como era antes. O desafio é manter a rédea curta e a permanente caça e denúncia às regalias. Afinal, o que é do povo é nosso. E para que seja tratado com cuidado, nada melhor que cada cidadão ajudar, ficando de olho.
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