Com a pandemia do novo coronavírus, os órgãos de saúde recomendam que todos fiquem em casa em total isolamento social, principalmente os idosos, uma vez que são um dos principais grupos de risco. O Tocantins já registra 200 casos confirmados de pessoas acima de 60 anos com a Covid-19, segundo o boletim da Secretaria Estadual da Saúde, desta sexta-feira, 22.
Idosos de abrigos públicos, casas de repouso particulares e outras instituições para permanência de idosos estão entre os lugares mais vulneráveis à Covid-19. Por isso, mesmo sem nenhum caso suspeito ou confirmado as instituições de longa permanência para idosos em Palmas, precisaram mudar a rotina e os hábitos para garantir a saúde e proteção deste público.
As visitas estão suspensas, a saída dos mesmos também está proibida e os cuidados com a higiene pessoal foram reforçados. A proprietária de uma casa que cuida de idosos em Palmas, Thatiane Rebouças , disse ao T1 Notícias que o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) foi intensificado.
“Nós já tínhamos o costume do uso de EPIs, mas com a pandemia nós só intensificamos. O uso das máscaras é essencial e obrigatório. Também usamos toucas e luvas quando em contato com eles sempre lembrando de fazer a lavagem das mãos também”, explicou Thatiane Rebouças.
Todos os objetos ou produtos, antes de entrar na casa, passam por processo de desinfecção. “A família vai na porta para deixar remédios, fralda entre outras coisas e lá na porta mesmo fazemos a desinfecção de tudo. Jogamos as sacolas fora e as coisas já entram desinfetadas”, ressaltou.
Saudade dos familiares
Para amenizar a saudade dos familiares, uma opção utilizada pela casa de idosos, a realização de vídeos chamadas ou ligações normais. Segundo Maria da Conceição Barbosa, proprietária de outro lar de idosos em Palmas, as visitas foram suspensas há mais de 60 dias, assim como as saídas.
“Eles conversam com os familiares por vídeo chamada ou via telefônica, ligação normal. Os idosos também não estão saindo de forma nenhuma. Em caso de consulta médica, a geriátrica vem aqui na residência”, informou Maria da Conceição.
Já o coordenador de uma comunidade terapêutica para idosos, Domingos Ferreira de Souza, que atende 17 idosos, explica que em alguns casos a falta de contato com o familiar, não faz bem para o idoso. E por isso é permitida a visita, mas com sérias restrições.
“O visitante não tem acesso as áreas comuns de convivência de todos os idosos. É reservado um espaço para a realização das visitas. Na portaria tem um espaço aberto. Colocamos uma cadeira respeitando a distância e também vai alguém para acompanhar”, destacou Domingos, e informou ainda que todos devem usar máscaras e álcool gel.
Mudança na rotina
Alguns hábitos também foram mudados na rotina dos lares de idosos. Cada instituição foi adaptando de acordo com a necessidade do local. É realizado o rodízio na hora das refeições, divisões no refeitório e instalação de mais bebedouros.
“Nos horários das refeições fazemos rodízio pra não aglomerar todo mundo nas mesas e ter a segurança da distância um do outro. Enquanto uns comem os outros aguardam. Eles tinham o costume de passar a tarde reunidos conversando, vendo TV, agora não podem mais ficar todos juntos pois tem que manter distância um do outro”, garantiu Thatiane.
Na comunidade terapêutica é cobrada mais atenção dos cuidadores. “Colocamos mais um bebedouro só para os idosos usarem. Cada um tem seu copo que é lavado várias vezes ao dia. E todos os protocolos também de segurança são cobrados a risca de todos os cuidadores”, afirmou Domingos.
Funcionários
A redução de funcionários, ou até mesmo a mudança de alguns trabalhadores para os lares também foi adaptado a rotina das casas de repousos. “Aqueles funcionários que usam transporte coletivo ou são do grupo de risco, foram todos dispensados. Só estão trabalhando quem tem carro próprio”, explicou Maria da Conceição.
Já Thatiane, ressalta que com o aumento do número de casos confirmados o mais seguro deixar todos os funcionários morando temporariamente no lar de idosos. “Eles estavam chegando e trocando de roupa, sapato fazendo lavagem das mãos, higienizando com álcool 70%. Mas c o aumento no número de casos confirmados nossos funcionários estão todos morando na casa no momento. Disponibilizamos um quarto e tá todo mundo isolado mesmo. Foi o mais seguro a fazer”, ressaltou a proprietária.
Conselho Municipal
Ao contrário do que garantem as casas de apoio para idosos, a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Palmas (Comdipi), Simone Fontenelle da Silva, disse ao T1 Notícias que as demandas aumentaram. “Nossas demandas aumentaram muito. Temos recebido muitas denúncias de idoso no mercado ou indo para a igreja. Funcionários destes lares que não usam EPI e vários outros pontos referente ao descumprimento do decreto municipal, como o isolamento social”, afirmou Simone.
A presidente explica que o Conselho é um órgão deliberativo, consultivo, fiscalizador das políticas públicas da Pessoa Idosa. Uma das atribuições é fiscalizar as Instituição de Longa Permanência para Pessoa Idosa (ILPI's). “Os números de casos confirmados com idosos têm aumentado, por isso precisamos muito que todos estejam seguindo todos os protocolos e recomendações dos órgãos de saúde”, ressaltou.
Em caso de denúncias a pessoa deve ligar no Disque 100, Delegacia de Polícia Especializada de Vulneráveis do Estado do Tocantins (63) 3218-6892 ou no celular do Conselho (63) 99237-5215.
Frente Nacional de Fortalecimento
A Frente Nacional de Fortalecimento às Instituições de Longa Permanência Para Idosos elaborou um relatório técnico que foi apresentado na Câmara de Deputados e que tem embasado muito protocolos nas casas de apoio para idosos. No documento ressalta a importância de conhecer o perfil dos residentes quanto a sexo, idade, comorbidades apresentadas, grau de funcionalidade (se independente, parcialmente dependente ou totalmente dependente).
Assim como dimensionar as medidas de prevenção da Covid-19 necessárias em cada uma dessas instituições.
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