O primeiro encontro entre Siqueira e Ribeiro depois da viagem do governador ao Japão, refletiu o ruído grande que já se ouve nos bastidores entre os que acham que há um rompimento em curso entre o senador e o governo, os que acreditam que este rompimento já aconteceu, e os que torcem para que ele de fato aconteça, deixando assim mais espaço para os que sobrarem no barco governista.
Siqueira chegou primeiro e já ia sentar-se, quando viu o senador chegar. Segundo conta uma fonte do Site Roberta Tum, o governador encarou o senador com a expressão típica de poucos amigos e esperou para falar com ele, antes de se acomodar.
João Ribeiro por sua vez, aproximou-se para cumprimentar Siqueira quando o governador teria dito: “Você anda falando mal de mim”. O que o senador a princípio entendeu como brincadeira, e teria respondido: “que isso governador, eu falando mal do senhor?” Siqueira no entanto insistiu, e voltou a afirmar que estava sabendo que João estaria falando mal dele no meio político.
Percebendo a seriedade da conversa o senador reagiu: “O senhor chame os fofoqueiros de plantão e ponha na nossa frente, que eu quero saber deles onde e quando eu falei mal do senhor”. Diante da resposta Siqueira teria concordado mas sem mudar de tom teria seguido falando duro num diálogo pouco compreendido por quem estava a meia distância.
A certa altura da conversa, o senador teria dito: “pois do jeito que a música tocar eu danço”, virado as costas e se dirigido à sua mesa.
O governador também teria também se dirigido ao seu lugar, não sem antes dizer: “quer romper comigo, rompa!”, em tom perfeitamente audível pelos que estavam próximos.
A conversa, percebida apenas pelos mais próximos e atentos ao movimento, acendeu o sinal vermelho entre os dois: o mal estar já estava criado.
Alimentando o rompimento, os que acham que podem ganhar espaço
Observando a cena política nos últimos meses, fica claro para quem acompanhou desde a movimentação de filiações até o episódio recente da mudança de comando no PTN, que nem João está acomodado satisfatoriamente no governo que ajudou (e muito) a eleger, nem a cúpula governista está tranquila com as movimentações que o senador faz, numa costura política que faz com desenvoltura e sem a qual não seria metade do que é hoje.
Pedir que Ribeiro não se mova a fim de fortalecer musculatura de partidos e rede de apoio, é pedir ao político que não faça política. Algo surreal.
No ímpeto de alimentar a fogueira das paixões, ciúmes e tudo que arde nos bastidores do poder, muitos interessados diretamente no rompimento do senador com o governo, e vice-versa, alimentam conversas distorcidas de toda sorte. Acham que se o senador deixar o barco, sobra mais espaço.
Proximidade com adversários incomoda
A aliança de Ribeiro com Raul Filho, seja na destinação de recursos para ajudar o petista a administrar Palmas, seja no fortalecimento do prefeito em Brasília na crise com a direção regional, é coisa já bastante explorada, mas que não incomoda tanto as hostes governistas quanto o fator Marcelo Miranda.
Ao dividir a cena com o ex-governador em dois momentos recentes (inauguração em Ponte Alta, e na visita que o ex-governador lhe fez em seu gabinete), Ribeiro deixa claro que não tem problemas de relacionamento com o lado de lá do time. E firma a imagem que de certa forma sempre teve, de ser ponto de convergência entre adeptos das duas correntes políticas que historicamente dividiram o poder no Estado. Mas isso soa por outro lado como um duro golpe no ninho Siqueirista.
Por outro lado, fala-se por aí nas rodas e cafés, como se isto fosse um crime, que "João quer ser governador". Se esquecem de que este é o caminho natural não só dele, como também é o da senadora Kátia Abreu. Afinal, os dois senadores eram pré-candidatos e abriram mão de postulações próprias em passado bem recente para criar as condições de trazer Siqueira de volta ao comando do Estado.
Se depois disto o governador compôs seu governo como quis, sem dividir os dividendos políticos com os aliados de primeira hora, é de se pensar que deixou livres da mesma forma cada um para seguir com seu estilo pessoal na construção de projetos futuros.
O episódio no Portal do Sul mostra que o caminho de Siqueira com João, e este ao lado de Siqueira pode estar gradativamente encurtando, por diversos motivos reais e verdadeiros. Mas na prática estes ainda não tiveram o dom de separar os dois grandes líderes e provocar o rompimento real e oficialmente.
Mais que os fatos na política tocantinense, reza a lenda e os dias atuais confirmam, que estrago maior que as pequenas insatisfações, é o que pode causar uma intriga bem feita.
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