A recuperação do crédito junto às instituições financeiras internacionais, somada à ânsia por retomar obras paralisadas e injetar recursos em investimentos que possam ser vistos e sentidos ao final do primeiro ano de governo, e finalmente o ajuste da máquina administrativa (pelo menos na direção desejada pelo grupo que tomou posse em janeiro do Araguaia) têm ditado a forma com que o governador Siqueira Campos vem tocando o barco desta sua gestão pela quarta vez no comando do Estado.
Este começo de mês de outubro está especialmente sintomático dentro e fora do executivo. Os números da arrecadação e despesas recentes mostram um déficit que vai se equilibrando ao longo do mês com os demais repasses legais e constitucionais. Mas o alerta foi dado e as transferências habituais de recursos aos demais poderes, TCE e Defensoria Pública podem atrasar.
O que isto significa de fato? Que o Estado está quebrado? Dificilmente. Mesmo por que o caixa acumulou-se com a necessidade de gastar pouco imposta pelo atraso na aprovação do orçamento, gerado principalmente pelo impasse em torno da garantia dos percentuais de receita líquida para os poderes.
Meses depois, quando a nova LDO entra em discussão, o que se vê é o governo omitindo do texto legal a definição de quanto vai repassar aos poderes no próximo ano. Desta forma, sem regras claras definidas, ficam todos os demais atrelados à boa vontade do Executivo, que em matéria de dinheiro, já se viu, tem as suas prioridades.
Um ano depois da eleição, com a maioria conquistada na Assembléia Legislativa com a adesão oficial de Sandoval Cardoso ao PSD e ao governo, e contando com a tendência de apoio de pelo menos mais um deputado: Eduardo do Dertins (PPS), além da simpatia ocasional de Iderval Silva e Vilmar do Detran, a situação na Casa é outra.
A oposição que resiste poderá até dar salvaguarda à Defensoria Pública e ao MPE na luta por resguardar os recursos necessários ao seu bom e livre funcionamento. Mas não há que se esperar muita resistência ao que propor o governo por parte dos presidentes de dois tribunais: o de Contas e o de Justiça.
Por lá o mais certo é que o bom relacionamento fale mais alto do que qualquer possibilidade de pressão por garantia de recursos. Para desagrado de muitos, que da base, esperam independência e respeito entre os poderes, órgãos e instituições criadas cada qual com o seu dever de ofício. A começar pela financeira.
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