A Netflix lançou recentemente o longa “Os Sete de Chicago” (The Trial of the Chicago 7), que foi escrito e dirigido pelo oscarizado Aaron Sorkin(A Rede Social e The West Wings).
Em suma a produção é baseada no caso real do julgamento historicamente conhecido como os sete de Chicago, que trata sobre jovens acusados pelo governo dos Estados Unidos de conspiração, incitação à revolta e outras acusações relacionadas a protestos contraculturas e contra a Guerra do Vietnã, ocorridos na cidade operaria de Chicago, por ocasião da Convenção Nacional Democrata de 1968.
Com um elenco afinado e incrível, liderado por Sacha Baron Cohen(Borat) que retorna a vida o famoso hippie Abbie Hoffman, com pop Joseph Gordon-Levitt(Origem) que faz aqui o contido promotor de justiça Richard Schultz e com um dos atores mais talentoso de sua geração, o lendário Eddie Redmayn (A Teoria de Tudo e Garota Dinamarquesa) no papel de Tom Hayden, líder da Sociedade de Estudantes pela Democracia (SDS), um dos jovens perseguidos pela polícia de Chicago.
Um dos detalhes da película é Sacha Baron Cohen, em sua melhor interpretação da carreira, serve como alívio cômico, mas também como rumo moral da trama. Sacha consegue tornar a produção mais palatável para o grande público da Netflix, além de conduzir o roteiro para seu desfecho espetacular.
O Ator Joseph Gordon-Levitt, que tinha tudo para ser o rei das comédias românticas da sessão da tarde, ultimamente tem atuado em excelentes produções e demostrado um talento nato para a telona. Aqui em os Sete, Levitt faz uma atuação contida, humana, mas brilhantemente executada, sendo inclusive um dos pontos altos do filme.
Destaque para Aaron Sorkin, que é famoso pelo seu método de roteiro chamado Walk and Talk, utilizado na série The West Wings e no oscarizado A Rede Social, faz uma direção convencional em ritmo quase documental, sempre preocupado em dar autenticidade histórica e dramática para os Sete de Chicago.
Os Sete é um filme necessário e atual, apesar das seis décadas que nos separam, uma produção que não se envergonha de militar sobre direitos humanos e minorias. Ele é apresentado no momento ideal, em que o Estado brasileiro, e parte do mundo contemporâneo flerta com o autoritarismo e ações antidemocráticas, a produção tem a coragem de tratar sobre temas como direitos fundamentais, democracia, paz, liberdades individuais e livre manifestação da vontade, trata em suma sobre o poder popular para impor mudanças nos rumos do governo e da autoridade estatal.
Apesar da música manipulativa, um final forçado e alguns personagens caricatos e cobertos de clichês, ainda assim a Netflix apresenta um filme acima da média, que dialoga com o presente nos EUA e no Brasil, com chances reais de indicações para o Oscar de melhor filme, Direção, Roteiro e edição.
Nota 7.0.
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