Acendeu o sinal amarelo no Palácio Araguaia com o fracasso de público nas comemorações do aniversário do Estado ocorridas ontem em Palmas. Diferente, bem diferente das cenas registradas na passagem do governador Siqueira Campos por Dueré e Formoso – fez questão de percorrer de carro os pouco mais de 60 km inaugurados – em que povo e políticos foram até ele para vê-lo, tocá-lo, cumprimentá-lo e entregar os famosos bilhetinhos.
O governador pode até ser alvo de críticas, pelo estilo, por parte de um segmento mais intelectualizado, independente sob o ponto de vista econômico e político, especialmente presente nas redes sociais. Mas uma coisa é fato: Siqueira é pop. Onde vai, principalmente no interior, é uma celebridade que chega e passa, arrastando atrás de si multidões.
Em Palmas não foi assim. E por quê?
Na Praça dos Girassóis, bem pouca gente acompanhou a apresentação do Coral de Mil vozes, seguido da Banda dos Fuzileiros Navais, do RJ, que existe desde 1808 e que se apresentou inclusive na posse da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra.
Pouca divulgação e falta de compromisso da equipe
Faltou divulgação? Ou será que falta envolvimento aos agentes políticos do governo para estarem eles mesmo presentes, e convidarem a família, os amigos para, no mínimo, prestigiar a data e o governador, uma vez que a escolha da atração não é exatamente de características a atrair populares?
Mas a cena da missa foi ainda mais reveladora para exibir uma falta de espírito de corpo na equipe do governo, que mais parece um Frankstein mal costurado. Cheia de excelências técnicas reclamando dos salários que ganham (e olha que tiveram aumento), muitos acolhidos ou preservados na estrutura de governo apesar do perfil intrinsicamente oposicionista. Que é uma equipe carente dos siqueiristas de carteirinha, é fato!
O governador compareceu acompanhado do staff de segurança e assessoria que sempre o cerca. Estavam lá na Igreja São José, onde foi marcada com toda a antecedência do mundo a missa em comemoração aos 23 anos do Tocantins os bispos, Pedro Brito, de Palmas, Romualdo , de Porto Nacional, além dos de Cristalândia e Tocantinópolis. Mais padres.
Presentes o governador Siqueira Campos, os cantores Moacir Franco, Agnaldo Timóteo e Rick, da dupla sertaneja. De secretários apenas o da Administração, Mascarenhas, das Oportunidades, Henneman, da Cultura, Kátia Rocha(organizadora da festa) da Segurança e da Juventude, Olyntho além dos presidentes da Jucetins e do Itertins.
No mais uns poucos convidados, entre os quais o deputado estadual Marcelo Lélis. Somados governador, comitiva e uns poucos populares, a conta não ultrapassava 30 pessoas. E o resto da igreja vazia. Pouco a pouco começaram a chegar secretários, chefes de gabinetes. Atrasados. Foram arrancados por telefonemas de suas casas, churrascos, shopping. A um deles, por telefone o governador teria perguntado, sem mau humor: "o Tocantins faz aniversário hoje, sabia?"
Quem conhece Siqueira sabe do seu amor aos símbolos, do reforço às datas, da paixão pela história. Por onde passou ontem falou disto: da história do Estado e do combate à fome, sua principal meta e desafio para esta gestão.
O Rei ficou só
O que se viu ontem não foi um Siqueira zangado com as falhas, mas segundo gente próxima ao governador, um Siqueira triste e decepcionado. Não faltaram falas emocionadas e homenagens por parte especialmente dos cantores que estavam presentes. Cada um deles tem uma história de convivência com o governador. Moacir Franco por exemplo, disse a Siqueira que não se importasse com os “traidores”, ao usar a palavra na missa para deixar uma mensagem.
A nítida impressão que ficou ontem para quem acompanhou a programação de Palmas é que, além da falta de divulgação do aniversário – esta ficou evidente – o evento foi um fracasso de público na praça e na missa, muito por falta de espírito de corpo da equipe do governador.
Uma equipe que de tão técnica, não tem alma. Não faz política, não se envolve, não veste a camisa, nem para marcar presença num feriado estadual de aniversário do Estado. Digam o que quiserem de Carlos Gaguim, mas sua equipe era unida. Seus eventos eram divulgados por secretários ao telefone convidando as pessoas. Sua comunicação pode ter gastado muito, mas funcionava. O que parece hoje é que não é da conta de ninguém fazer com que as coisas dêem certo.
O Siqueira que se viu ontem parece o da campanha que começou pequena há dois anos atrás, no fim de 2009: cercado apenas pela meia dúzia de fiéis escudeiros de sempre. A diferença é que agora o homem é governador. É o rei, por assim dizer.
E o sinal de alerta aceso ontem é claro: o Rei ficou só. Na praça da capital que fez construir a contragosto de muitos. No dia do aniversário do Estado que sua emenda fez criar. Um sinal claro como a luz solar. E que com certeza não vai passar desapercebido.
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