Falar em corrupção no Brasil, especialmente envolvendo o poder público é o mesmo que “chover no molhado”. Não se trata de nenhuma novidade. A cada novo escândalo que alimenta a cobertura jornalística um absurdo sucede e faz esquecer o outro. A corrupção, como disse um internauta dia destes num email sugerindo uma pauta à nossa redação, parece estar impregnada nas nossas instituições, como se fosse um câncer, doença sem cura.
O que tem pra hoje no noticiário político em todo País é a queda do segundo homem na hierarquia do Ministério do Turismo da presidente Dilma, Frederico Silva da Costa. Está preso com mais outros 37, por força da Operação Voucher, da Polícia Federal. Com ele está o segundo homem do Ministério dos Transportes, da gestão de Marta Suplicy, Mário Moisés. E também o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins, que é ex-deputado do PMDB da Bahia.
No rolo todo está a liberação de emendas parlamentares para treinamento de mão de obra especializada no trading turístico no Amapá. Combinação explosiva, não? Emendas, contratação de empresas, sumiço de dinheiro público.
E o que há de novo nisto se a maioria das pessoas levanta a sobrancelha, torce o nariz e segue sua vida como se isso não fosse com elas?
Para mim o que há de novo é a insistente fiscalização do dinheiro público, a investigação, o julgamento e punição dos criminosos com maior freqüência que antes. Ainda que quando chegue no judiciário haja sentença para todos os gostos.
O escândalo de hoje mostra a que ponto chega a frieza do esquema criminoso que se alimenta de dinheiro público como se estes recursos fossem aqueles “sem dono”, que ninguém vai sentir falta se desaparecer, como um monte de moedas de baixo valor num canto de uma mesa, que sobraram de troco.
É fato que desde o Brasil Colônia país foi palco de desvio de ouro, madeira e toda sorte de riquezas. Conta a história (recontada por autores modernos) que nada se fazia no Brasil daquela época sem deixar um dinheirinho para a autoridade pública que liberava as concessões oficiais.
Mais de cinco séculos se passaram e ainda está difícil acabar com este hábito, que virou crime, e que mantém na pobreza extrema tanta gente no Brasil. A diferença é que há uma parcela significativa da sociedade brasileira incomodada. E querendo ver ser feita a justiça, neste país de desiguais.
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