Dois anos. Este é o período que o prefeito Raul Filho (PT) passará sem mandato caso cumpra até o último dia seu mandato conquistado arduamente nas últimas eleições. A lembrança que este período fora do poder é inevitável tem sido um dos argumentos utilizados pelos aliados do prefeito que torcem - e cá entre nós, também pressionam – para que ele seja candidato ao governo.
O fato, dizem fontes bem próximas a Raul, é que o prefeito já está deixando transparecer a amigos que não deixará a prefeitura de Palmas. Por motivos que passo a expor. O primeiro, que ouvi nesta segunda na central de buxixos da Sefin, é que as pesquisas de intenção de voto não colocam o prefeito de Palmas em posição de receber o apoio, por exemplo, do governador Carlos Henrique Gaguim.
O fator Gaguim
Candidato natural à reeleição, Gaguim já manifestou em reuniões fechadas, por diversas ocasiões, que tem o desejo de concorrer. A diferença é que sua visibilidade é maior que a do prefeito da Capital, justamente por ser governador. Talvez por isso já desponte como o pré-candidato mais competitivo da base do presidente Lula no Estado.
O empate técnico que havia entre os três até então postulantes (PMDB, PT e PR), desfez-se com a desistência do senador João Ribeiro de concorrer ao governo. O eleitorado de Ribeiro já começa a migrar para o ex-governador Siqueira Campos (PSDB), em sua maioria, mas também para Gaguim, em quantidade relevante.
O que os dados levantados na consulta interna tem mostrado, segundo conta quem viu, é que o eleitorado do PR não simpatiza com a candidatura do PT. Este é o fator apontado como mais grave para gerar um desequilíbrio entre as intenções de voto declaradas atualmente para Raul e para Gaguim.
Outras questões em jogo
Tenho ouvido de muitos o argumento de que Raul reúne as condições de dar um salto em sua vida pública, tornando-se mais conhecido no interior e que também está privilegiado por ser do PT, contando com Lula como cabo eleitoral, e Dilma no palanque. É verdade. Nunca houveram tantas boas condições reunidas para que o Tocantins pudesse escolher um governador do PT.
Por outro lado, algumas questões pesam contra uma decisão de Raul em abrir mão de dois anos e nove meses de mandato como prefeito da Capital. Para a população isso pode não ser bem compreendido. Afinal o prefeito foi eleito com menos da metade dos votos válidos, numa Palmas dividida entre ele, Marcello Lélis e a deputada Nilmar.
O tempo, um ano e três meses de segundo mandato não foi suficiente para que Raul se consolidasse administrativamente. A verdade é que mais de R$ 68 milhões repousam na Caixa Econômica sem liberação por motivos burocráticos diversos, atrasando as obras do PAC na Capital.
Sem demissões
Engessada pela queda nas receitas de repasses federais e estaduais, a gestão municipal não fez ajustes de pessoal para criar fôlego. Simplesmente por que Raul se recusa a demitir pessoal, numa escolha que lhe tem sido cara, sob o ponto de vista financeiro, mas gratificante do ponto de vista social.
Preso aos compromissos que fez com os partidos para se reeleger, o prefeito decide não só o seu, mas o destino de muita gente ao anunciar no dia 25 que rumo vai tomar. Segundo fontes ligadas a ele, a própria reeleição da deputada Solange Duailibe seria garantida com mais tranquilidade na sua permanência.
Ficando, Raul trabalhará para concluir bem o mandato. Saindo correrá o risco de dividir os votos da base de Lula com Gaguim. Nesta hipótese poderá ser o fator determinante de um segundo turno histórico no Tocantins. Façam as suas apostas.
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