O tempo passa, mas algumas coisas não mudam. O processo de separação de corpos entre o DEM e o PMDB já começou. Se de um lado, lideranças ligadas ao governador Marcelo Miranda e à senadora Kátia Abreu trabalham para que não haja uma cisão política no caminho dos dois para o próximo ano, forças muito maiores conspiram contra. Os interessados no fim da aliança DEM/PMDB estão por toda parte: dentro do PMDB, na estrutura de governo, e na cozinha do Palácio Araguaia.
Desde o final da campanha de 2006 já era grande a preocupação com a votação da senadora. O grupo do governador temia uma diferença muito grande entre os números dele e os dela, que a consolidassem como liderança independente. Mas Kátia sempre foi independente, e de sua atuação no senado não se podia esperar outra coisa além do que ela demonstrou: oposição ao governo Lula, fidelidade e disciplina no DEM, defesa inarredável da bandeira do agronegócio. Esta é Kátia Abreu. E sempre foi.
Qual o problema então em que ela se fortaleça dentro daquilo que defende? Em que isso poderia constranger ou atrapalhar o governo Marcelo? Em nada. A argumentação de que Lula esperava do governador tocantinense que ele controlasse ou calasse a senadora do seu Estado na questão da CPMF, entre outras, é coisa de amador. Por mais periférico que o Tocantins ainda possa parecer na política nacional, no Senado o jogo é outro, e tem as mesmas regras para todos. Ninguém em sã consciência vai esperar que um governador controle seus senadores da República. A coisa não funciona assim em lugar nenhum do País.
Mas picuinhas à parte, o que está para acontecer no Tocantins é a ruptura formal da Aliança da Vitória. Ontem, em entrevista ao programa “Na Ponta da Língua”, da 96 FM, o deputado federal, e presidente do DEM no Tocantins, João Oliveira esquivou-se de responder positivamente sobre a aliança com o PMDB. Indagado se DEM e o partido do governador permanecerão juntos na disputa do ano que vem, ele escorregou. Não disse que sim,nem não. Apenas que o partido buscará as alianças possíveis. Os tempos já foram outros.
O que se ouve nos bastidores é que Marcelo Miranda tem suas preferências entre os diversos nomes com condições de sucedê-lo, mas que o governador sozinho não controla o PMDB. Este imenso partido que é de Oswaldo Reis, é de Gaguim, é de Avelino, entre tantos outros.
Às vésperas do fim de uma Aliança de partidos que tinha a faca e o queijo na mão para governar o Tocantins por pelo menos 15 anos, resta a pergunta: interessa a quem a divisão de forças em 2010? Afinal, o velho Siqueira continua vivo na memória do povo no interior e na capital do Estado. Vivo e ativo em Brasília de onde espera voltar vitorioso no final do julgamento do Rced. E as pesquisas de opinião que todos os partidos com pretensões ao governo já fazem, são unânimes em apontar: na frente da preferência popular dos tocantinenses ainda reinam soberanos, Siqueira Campos e Kátia Abreu.
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