Denúncias da Operação Maet: sigilo quebrado só para os escolhidos

Está esquisito demais este sigilo quebrado em torno da ação movida contra os desembargadores afastados do Tribunal de Justiça a partir da deflagração da Operação Maet. O que era para ser de conhecimento público, está com acesso restrito a alguns pouc...

O jornal O Estado tem publicado desde a semana passada diversas reportagens abordando as acusações que pesam contra desembargadores do Tocantins afastados pela Operação Maet. São acusações, boa parte delas, sem provas documentais que permitam condenação.

Há grampos telefônicos autorizados judicialmente, de onde se extraíram conversas sobre acordos e valores. Mas ao que tudo indica, falta materializar, comprovar de forma incontestável dinheiro recebido, e seu rastro.

Sim, por que dinheiro – mesmo o que é pago e recebido em espécie - costuma deixar rastros visíveis, seja ao passar por contas bancárias, seja ao se transformar em patrimônio.

A quebra do sigilo deveria portanto, funcionar para todos de igual maneira, mas não é assim. Do jeito que está, tem restado à imprensa do Tocantins - onde está o público leitor maior interessado em saber o que de fato aconteceu no Tribunal de Justiça nos últimos anos - a tarefa de replicar as publicações nacionais. E estas caminham numa só direção, como se vê claramente nas matérias publicadas.

Não sei não, mas está cheirando novamente a condenação antecipada. Já disse aqui uma vez e vou repetir: quem se apropriou indevidamente de dinheiro que não era seu, cobrando para liberar precatórios fora da ordem cronológica, ou retendo processos de forma a criar dificuldades para depois vender facilidades, precisa pagar.

Mas me desagrada, e muito, ver o Tocantins sangrando na praça, como se o seu judiciário fosse feito predominantemente de ladrões. Por que é assim que já são chamados os desembargadores afastados. Mesmo que não haja nenhuma condenação a qualquer deles.

Uma coisa lamentável que pode ser resolvida de duas formas: acelerando o processo para que este capítulo chegue logo ao final; e abrindo tudo, para que todos possam mostrar todas as denúncias e todas as defesas. Assim fica mais justo e equilibrado. E assim se atende o interesse maior que é o do público, e não o de particulares que transbordam de alegria ao conseguir expor seguidamente seus desafetos na imprensa nacional.

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