Em tom de despedida, mas "sem dizer adeus ao PMDB", o ex-prefeito de Palmas e ex-deputado federal, Derval de Paiva, mandou carta à imprensa esclarecendo os últimos encontros e conversações entre o grupo "raízes do PMDB", conforme intitulou, e o grupo do governador interino, nos últimos dias e especialmente na reunião ocorrida na manhã deste sábado, 3, na casa do ex-governador Marcelo Miranda.
Confira a íntegra da carta assinada por Derval:
Reuniram-se nesta manhã hoje(03.10.2009), na casa do ex-governador Marcelo Miranda, o atual governador Carlos Gaguim, acompanhado de sua esposa e sogro, estando também presentes o Deputado Federal Moisés Avelino e o ex-secretário da Indústria e Comércio Eudoro Pedroza.
O propósito da reunião com o grupo de raízes do PMDB foi para pedir-lhe unidade na Convenção marcada para a próxima segunda feira. Consta que para a consecução deste objetivo estaria o atual Governador disposto a reconsiderar as ofensas feitas a mim, com adjetivações impróprias, inoportunas e indelicadas. De minha parte dispensável!.
Seu sogro, João Batista Pereira, desconfortado e com bandeira branca na mão, desde a desgastante reunião da Executiva do Partido, a que a tudo assistiu, vem trabalhando sempre neste sentido, e tudo fazendo para amenizar tamanho mal causado e evitar as suas possíveis conseqüências.
Já deixei claro desde o primeiro momento que não sou e nunca fui candidato de mim mesmo, isso porque em política quem não respeita os companheiros e não faz conciliação, não pratica um dos primados da democracia, ao contrário, faz bobagem.
A companheirada deste Estado que me conhece bem e de muitos anos, convencionais ou não e inúmeros setores da sociedade civil, tem me estimulado bastante, ao ponto de me comoverem com seus gestos de apoio. Porém, o meu nível de tolerância com as ações, muitas delas reprováveis do meu Partido, vem se esgotando, ao ponto do limite com suas direções, a começar com as figuras reiteradamente reprovadas pela sociedade brasileira, Senadores José Sarney e Renan Calheiros.
Sair do PMDB, meu velho “MDB de Guerra” é para mim tarefa difícil, até porque ele não sairá de minha alma. Dele fiz instrumento com o qual combati a ditadura em seus longos anos e com ele até hoje combato o arbítrio e seus entulhos antidemocráticos.
Tal ditadura que a juventude de hoje não conheceu e o arbítrio que aqui e acolá ainda se manifesta, sufocando direitos, coagindo consciências e cerceando liberdades.
Esse partido eu o adotei como segundo filho no dia de seu nascimento em março de 1.966, nove dias após o nascimento de meu primeiro filho de berço.
E agora, depois de 43 anos, desligar-me de sua direção, onde sempre estive, é tarefa mais do que difícil, muito sofrida.
Parafraseando Ulysses Guimarães, afirmo: “Ao PMDB não digo adeus”, mas dispeço-me dele, com pedido de férias, da sua direção, para não me compactuar com muitos atos que aqui se pratica.
A instituição PMDB precisa voltar o mais rápido possível respeitar os PMDBistas.
Com o expediente anexo, oficializo aqui a decisão tomada, protocolizando-o no Diretório Regional e com ele pondo fim a tão degradante novela da próxima Convenção , desejando sempre que Deus proteja o Tocantins e toda a sua laboriosa gente.
Palmas-To., 03 de outubro de 2.009.
Às 15:00 horas.
Derval de Paiva.
CARTA ABERTA À IMPRENSA, AOS COMPANHEIROS E À SOCIEDADE TOCANTINENSE
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