Discutindo a piscicultura no Tocantins II

...

Há quatro anos, mais ou menos, escrevi para esse blog – Roberta Tum- sobre a piscicultura, seu andamento, acertos e desacertos. Demonstrei à época, os perigos que poderia incorrer a citada atividade, face a intensidade pela procura de uma nova fonte de renda, uma salvação para as pequenas propriedades. Informei ainda que a criação extensiva além de provocar um desmatamento desordenado nas grotas das serras – nascentes de águas- os tanques grandes, acima de um hectares, poderia ocasionar mortalidade de peixes em excesso por falta de controle da água. Pois bem! Está ocorrendo o aqui dito.

Alguns criadores não conformados em criar ou ganhar pouco, abriram de forma desordenada valetas de até 100 (cem) hectares de lâmina d’agua, com capacidade para um milhão de peixes, e quando vem uma mudança rápida no tempo, ocasionando um choque térmico ou mudando bruscamente a temperatura da água, tem morrido centenas de milhares de peixes, sem ninguém denunciar ou apontar o desastre ecológico.

É verdade que o peixe em tanque grande cresce mais do que em tanques pequenos, chamados semi intensivos, mas nos tanques pequenos, no caso de uma mudança de temperatura ou mudança na qualidade da água, pode se evitar, colocando uma quantidade de sal ( cloreto de sódio). O que é impossível se o tanque for enorme. Daí a mortandade de peixes de criatórios, sem falar da péssima qualidade do pescado, quando escapam com vida até o abate.

Com isto, inúmeros criadores tem perdido muito dinheiro sem contar o crime ambiental com a matança de peixes, por falta de controle da água. É forçoso frisar, mas no governo atual, com a intensidade de propagação da piscicultura por políticos que as vezes não conhecem a realidade dos fatos, a piscicultura deixou de existir como uma fonte de renda e sim um produto em excesso, incapaz de ser consumido pela população local frente a prostituição do mercado.

O que era para ser bom, passou a ser objeto de prejuízo. Os bancos temem o mercado e não financiam os produtores, falta dinheiro para manter as pisciculturas antigas e novas, com isto o piscicultor alimenta mal seu criatório sem contar a exploração dos frigoríficos existentes na hora da aquisição ou abate. Quando comecei, há 22 anos, um kilo de peixe valia três kilos da carne do boi, hoje vale a metade do citado kilograma.

E tem gente incentivando a abertura de mais tanques. Tenho 139 tanques, belos e com água em abundância na minha fazenda Vale do Mumbuca, mas fui obrigado a parar em virtude da desleal concorrência e fragilidade no mercado. Ainda bem que não sou financiado. Fosse estaria em maus lençóis. Quem tem o volume de lâmina dágua que tenho, no Estado do Mato Grosso do Sul, anda de jatinho. Eu, no Tocantins, se não parar perco minha propriedade. Algo tem que ser rediscutido e ao revés de exortar mais gente a praticar tal atividade é bom visitar ou falar com quem já está no ramo e sofre as conseqüências da atividade.

Comentários (0)