Documentário "Terminal de Lembranças" mostra drama de comerciantes transferidos da Rodoviária antiga para o Rodoshopping

Documentário produzido pelo jornalista Gleydsson Nunes resgata a memória do primeiro comércio popular de Palmas. "Terminal de Lembranças - Os lugares Desaparecem. As Histórias não", relata a história de pessoas que vieram para a Capital do ...

O documentário “Terminal de Lembranças - Lugares desaparecem. As histórias não”, dirigido pelo jornalista Gleydsson Nunes mostra o drama dos primeiros comerciantes do Centro Comercial Popular de Palmas (antiga rodoviária), que foram relocados para o Rodoshoping, em 2001.

O filme foi exibido neste sábado,14, para os comerciantes que ainda permanecem no Rodoshoping. De acordo com o diretor do documentário, “o filme é importante para a memória da cidade e para a autoestima de seus protagonistas, literalmente marginalizados na paisagem urbana da cidade”.

De acordo com Gleydsson, o objetivo do “Terminal de Lembranças” é justamente mostrar como os comerciantes da antiga rodoviária foram retirados do local e levado para outro lugar onde não há o mesmo fluxo de pessoas. “Todo o comércio popular depende de grande fluxo de pessoas. Isto não acontece no Rodoshoping, que fica em lugar distante”, afirmou.

Choque de realidade

Gleydsson Nunes afirmou que, os primeiros comerciantes que chegaram a Palmas encontraram um contraste entre a propaganda feita da cidade e a realidade local. “As pessoas vinham para Palmas com a idéia que encontrariam aqui as maravilhas da propaganda e, quando desembarcavam na rodoviária encontravam uma estrutura de madeira cercada de pequenos comércios e casas também de madeira”, constatou o diretor.

Mas a mesma cidade que causava uma má impressão no início era um local de grandes oportunidades. A Capital do Estado estava em obras com a construção de toda a estrutura administrativa do Governo do Estado, na Praça dos Girassóis.

Para cá se deslocaram trabalhadores e aventureiros de vários estados brasileiros. “Quem chegou a Palmas até o ano de 2001 e desembarcou no terminal rodoviário, certamente colocou em xeque a propaganda que se fazia da jovem cidade em outras regiões do País. O lugar tinha aparência sofrível e infraestrutura precária” argumentou o diretor.

Preservar a memória

O diretor argumentou também que um dos objetivos da produção do documentário é o resgate e a preservação da memória do primeiro comércio popular de Palmas. “É provável que o capítulo da antiga rodoviária e do centro comercial não figure em nenhuma obra que se disponha a contar os primeiros anos da história de Palmas”, argumentou.

O documentário mostra também que nos primeiros anos da cidade, o comércio dependia basicamente da rodoviária, que era o principal ponto de chegada ou de partida das pessoas.

Pessoas que deram depoimento ao documentário falam de como era a vida no lugar e do descontentamento da maioria dos comerciantes em relação à mudança para um novo local. Muitas dessas pessoas ainda permanecem no Rodoshoping, outras desistiram da atividade.

Discriminação e preconceito

Junto com o tráfego dos ônibus, para lá também se dirigiram dezenas de comerciantes que trabalhavam numa área da avenida NS-1, conhecido como Pé Inchado. O local atraía bêbados, mendigos e prostitutas e também era conhecido como “Ratolândia” e “Sapolândia”.

A ex-moradora e comerciante da antiga rodoviária, Eurilene Milhomem, veio de Goiânia. Ela conta que “quando íamos fazer compra a crédito no comércio e dizíamos que morávamos na rodoviária, os comerciantes não viam com bons olhos”.

Quem também fala a respeito da má fama do local é o cabeleireiro, José Lopes. Ele largou emprego em Brasília para vir tentar a sorte em Palmas. “Pessoas que me viram na rodoviária contaram para minha família que eu havia largado um bom emprego em Brasília e tinha me transformado em mendigo de rodoviária. A família veio aqui e viu que não era bem assim”, contou.

O comerciante João Dias Soares veio de Ariquemes (RO) e se instalou na antiga rodoviária. “Quando cheguei aqui existia muito rato. A gente não conseguia matar todos. Perdi muita mercadoria por causa deles”.

Hoje os comerciantes da antiga rodoviária de Palmas, instalados no Rodoshoping, reclamam que foram enganados pelas autoridades e aguardam pelas promessas de melhor divulgação e promoção de eventos no local para atrair maior público.

Documentário na rede escolar

De acordo com o diretor de “Terminal de Lembranças”, embora tenha sido finalizado recentemente, o filme já participou de mostras de cinema e foi exibido para um pequeno número e pessoas.

O filme foi produzido com apoio da Fundação Cultura, através do programa “Palmas Pra Cultura”. A partir de agora cópias do documentário serão distribuídas para todas as escolas públicas do município e também comercializado em pontos de vendas.

Gleydsson Nunes já trabalha na produção de outro documentário : “O Homem do Monte”, com enfoque gospel. “É o primeiro documentário com enfoque gospel”,afirmou Gleydsson.

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