O Tocantins não está acostumado a movimentos populares. As coisas por aqui seguem o rítmo pacífico de um estado no interior do Brasil, onde o povo é pacato,e raramente se manifesta politicamente. As excessões ficam por conta dos movimentos organizados de esquerda, no caso dos sem terra, dos sem teto. O último grande movimento popular que pude assistir aqui foi pela federalização da Unitins.
Ontem, terça-feira, 19, a praça dos Girassóis tremeu. Era o peso dos servidores, chamados por suas associações na noite anterior, quando circulou já na internet, o Diário Oficial que trouxe de volta os exonerados por força de determinação judicial na sexta-feira passada.Cada um improvisou como pode, e esta foi a parte mais bonita da manifestação: o improviso dos cartazes, a emoção das trovinhas gritadas ao vento forte que rondava o Palácio Araguaia.
Tudo cheirava a autenticidade no manifesto dos servidores. Até por que gratidão é um sentimento forte, e a gratidão pelo emprego devolvido, foi o grito que balançou a praça nesta terça-feira. Marcelo Miranda, acompanhado de Dulce, do pai Brito, e da mãe, Marli, ouviu, rap, poesia e agradecimentos emocionados do servidor simples do Tocantins.
Gente que teve muito medo de ficar desempregada. A decisão do STF é inquestionável, e o caminho que o governo do Estado tomou para "não deixar o povo na mão", como gritava a turma da educação, foi ousado. Muitos questionamentos ainda virão, e ontem mesmo já começaram.
Mas assim como a oposição fez uma escolha lá atrás, quando questionou judicialmente as contratações, dando origem à esta pendenga legal, Marcelo Miranda fez uma escolha na segunda-feira, ao mandar recontratar os demitidos. Escolheu amparar seu povo, custe o que custar.
Um ato de coragem que o servidor soube compreender, e balançou a praça para agradecer.
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