No ano de 2008, a Fundação Universidade do Tocantins passou a ser mais conhecida no cenário nacional por causa de uma série de situações que envolviam sua natureza pública de direito privado com empresas privadas, voltadas para a prestação de serviços educacionais na modalidade a distância (EaD) para inúmeras localidades brasileiras.
As situações que começaram a vir à luz do dia, já de conhecimento público geral na atualidade, eram de conhecimento anterior de inúmeros grupos que participam direta ou indiretamente das políticas educacionais no Brasil. Entretanto, como as práticas de mercantilização da educação no País, e com maior ênfase, nos últimos anos, na expansão desenfreada do ensino superior e na modalidade a distância, geram milhões e milhões de reais às múltiplas parcerias visíveis e invisíveis formadas, nada foi pronunciado.
Apenas escutávamos que proprietários de pólos regionais de EaD possuíam máquinas de transporte mais possantes para verificar como estavam “seus alunos” nos pólos, parecendo que eram fazendeiros contando cabeças de gado. Isso não apenas na Unitins, mas em instituições privadas e o sonho da lucratividade, com outra lógica também se prenunciava pela Universidade Aberta do Brasil nas IES “puramente” públicas. Comissões parlamentares no Congresso Nacional se construíram para defender a EaD, nos corredores do Senado e da Câmara dos Deputados grande é a movimentação de políticos, lobistas profissionais, proprietários de empresas privadas para defesas incontinentes dessa nova fonte lucrativa!
A situação se tornou insustentável e vergonhosa, porque internacionalmente representantes da EaD no Brasil defendem uma posição de vanguarda sobre o ensino mediado pelas tecnologias, e internamente convivem com essa contradição.
Vozes dentro do Ministério da Educação saíram para o levantamento dessas situações. Louvamos os posicionamentos de levantamento e de análise dos técnicos envolvidos, muitos deles sabem da importância e do regulamento ajuizados para a EaD no Brasil. Outros têm o dedo em riste e a fala acusatória.
Assim, a Unitins e sua EaD se tornaram o alvo dos ataques, defesas, análises. A instituição ficou combalida. Decisões foram tomadas em diversas cúpulas e em meio a isso, professores e alunos foram alijados. Nós estamos fora do processo, os professores concursados, remanescentes de Goiás e do eterno quadro suplementar, aprovados por processos simplificados de seleção e contratados.
Hoje, escutamos, lemos, sentimos na pele a ameaça do descredenciamento da Unitins para oferecer a Educação a Distância no Brasil. E ao mesmo tempo, instituições privadas ampliam seus tentáculos tanto na oferta das várias modalidades de ensino sob o olhar não-olhar dos organismos federal, estaduais e municipais de acompanhamento e monitoramento legal.
O impasse do descredenciamento angustia aos alunos e a nós professores. Em nosso caso, muitos realizam mestrados e doutorados focando nas áreas de tecnologia, educação, comunicação com problemáticas a serem estudadas e com aplicação no ensino-aprendizagem a distância. Outros profissionais do ensino e da pesquisa de tanto se dedicarem por pouco não sucumbem às tensões e pressões vivenciadas, e fica no ar o medo.
O MEC descredenciou nesse momento a Unitins. Nós professores e alunos que a ela pertencem ganharemos alguma marca física (estrela, triângulo, código de barras, cruz, número de identificação no braço)? Porque já somos apontados como criminosos, bandidos, párias, anormais pelos colegas de outras instituições de ensino. Os alunos devem estar sofrendo a mesma discriminação. A defesa da Unitins é de todos nós.
Parece que existe todo um grupo pronto com suas máquinas para carimbar códigos de barras em nossos braços. Será que farão o mesmo com todos os alunos espalhados no Brasil. Como nossa malha férrea é precária, o sistema de transporte poderá ser por caminhões ou ônibus fretados para nos levar a algum campo de “acolhimento”. Será que situações como essa se repetiram mais uma vez na história?
Professores, professoras, alunos e alunas, está na hora de nos mobilizarmos, enviemos o conteúdo acima a todos os nossos conhecidos nacionais e do estrangeiro, manifestações pacíficas e críticas devem ocorrer junto às autoridades em Brasília, nas Unidades Federativas, às instituições educacionais, à OAB, à ABI, às sucursais dos jornais e semanários, às comissões e comitês de Direitos Humanos. Um mais um mais+ dez= 1 milhão. Se não tivermos a coragem de ser gota d'água em pedra quente...vão nos extinguir a todos. E essa persistência aprendi com Lula, nas diversas disputas que ele teve e jamais desistiu.
Eu sou dos tempos que Lula era feito prisioneiro numa delegacia na Brigadeiro Luiz Antônio (1981), a gente fazia vígilia por lá, passava na rua com um silêncio doido e revolta no olhar por saber que ali tinha um "cara" sendo injustiçado, por favor, Presidente, ...não deixe que nos marquem, mais do que ninguém você sabe o que é ser perseguido. Senhor Presidente, Ministro da Educação, Presidente e membros do Conselho Nacional de Educação e todas as instituições públicas, privadas de respeito, associações-confissões e denominações religiosas parece que um Holocausto (com H maiúsculo) esta silenciosamente por ocorrer. E o pior é que somos todos filhos de Deus, vivemos num Estado de Direto Democrático e ninguém nos escuta. Basta de Holocaustos (in) visíveis no Brasil.
Escutem-nos e não permitam o descredenciamento da EaD na Unitins, a regulação é necessária, mas não a política de extermínio para nós professores e alunos.
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