Edna e Eli abrem baterias, Raul reage monossilábico: o que as repercussões à fala de João Ribeiro querem dizer

O senador João Ribeiro é um grande estrategista, um homem que sabe fazer política e vive a política que faz. Quando aliado, é dos que não geram dúvidas nem preocupações: cumpre o que combina. Por tudo isto, é de se pensar - e bem - no significado das...

As oposições não teriam mais do que reclamar – já que nos bastidores alguns vinham duvidando da coragem do senador João Ribeiro em se posicionar sinalizando uma posição de independência - depois das declarações dadas na semana passada a este portal sobre como irá caminhar o PR neste ano eleitoral.

João foi de uma clareza, transparência e sinceridade estonteantes. A recíproca no entanto, não foi tão verdadeira.

Se por um lado o governo silenciou-se, entendendo que não havia resposta institucional a dar - e o secretário Eduardo Siqueira Campos, citado, também fechou-se (possivelmente para não alimentar o debate) em copas sobre o assunto – a oposição, a quem cabia a palavra para saudar um fortalecimento sempre bem vindo, abriu baterias.

Eli: o retrato de um PMDB enfraquecido

O deputado Eli Borges(PMDB), cuja pré-candidatura não decola, ignora a pesquisa Skala, que mostrou suas limitações (encomendada pelo próprio PMDB) e a movimentação dentro do seu partido para demovê-lo da idéia de insistir no pleito. Diante do movimento de aproximação de João, do grupo de Raul (onde o PMDB se insere pela metade), abriu baterias dizendo que o senador deve chegar não só para receber apoio, mas para apoiar.

Chega a ser engraçado. Se o PMDB liderasse as pesquisas prévias, caberia este discurso. Mas não é o caso. Em socorro à Eli, o ex-governador Carlos Gaguim deu uma declaração semana passada no Portal CT reafirmando apoio à sua candidatura. O mesmo Gaguim que jurava de público a João que este seria seu candidato ao governo, seu sucessor, depois de ter recebido todo apoio do senador na sua eleição indireta.

Multifacetado, dividido, o PMDB não será protagonista nestas eleiçõpes: vai onde conseguir eleger seus vereadores. E nesta chapa, é bom lembrar que o deputado Júnior Coimbra tem um sobrinho, Gaguim tem um filho e Marcelo Miranda terá pelo menos dois vereadores a apoiar, mais ligados a ele.

Edna: cobrando o acordo ou saindo em vôo solo

A outra reação foi da vice-prefeita Edna Agnolin, do PDT. Esta, que tem um acordo em aberto com o prefeito a ser cumprido, está coberta de razões em bater o pé para ser a candidata do grupo. Se a conversa mudar de rumo, pode sair em vôo solo, segundo se ouve nos bastidores. Numa conversa há alguns meses, a vicce-prefeita me disse com toda franqueza: não será candidata de si mesma, nem se arriscará numa aventura se as pesquisas quantitativas e qualitativas não mostrarem que há viabilidade real em colocar seu nome.

Agora, mostra o desejo natural de não aceitar ser engolida num processo em que seu nome seja preterido. Ainda assim, para quem quer reunir apoio em torno de seu nome, sua reação às declarações de Ribeiro não foi das mais alvissareiras.

Um Raul monossilábico tem pouco a dizer

A reação mais interessante de todas a ser analisada, no entanto, é a do prefeito Raul Filho ao entregar o cargo nesta segunda-feira, 23. Questionado pelo repórter do Site Roberta Tum sobre as declarações do senador em anunciar aliança com ele para agora e para o futuro, o prefeito não correspondeu à efusividade de João, pelo contrário:  foi monossilábico. Falou da sua afinidade com o senador, mas atuou como um bombeiro dentro do seu grupo: “o candidato será o que estiver melhor com a população”.

Um tuiteiro espirituoso replicou diante do título desta matéria: “então vai ser o Marcelo Lélis, que tá na frente em todas as pesquisas”.

Brincadeiras à parte, Raul demonstra cuidado em não querer se expor, em contrapartida à toda exposição do senador diante do grupo governista. Os motivos para este comportamento podem ser diversos, mas o resultado, se bem lido, deve ter acendido um imenso sinal vermelho diante do estrategista João Ribeiro: a pré-candidatura de Luana (sem hipocrisia, o melhor nome que o PR tem) corre perigo de ser sabotada pelo grupo dos quatro.E Raul pode não estar tão inclinado a se comprometer.

Diante de um fogareiro destes, os interlocutores do governo realmente não precisam dizer nada. Há sete anos do final do seu mandato de senador, e com a filha tendo pela frente mais três de governo estadual, João Ribeiro só se aventurará nas águas da oposição (infestada de tubarões) se realmente não tiver clima, nem for valorizado o suficiente para permanecer onde está.

Se Raul agora, com mandato na mão (embora no final) não tiver nada a lhe oferecer em termos de construção de um projeto na capital, visando 2014, pouco ou nada terá a acrescentar lá na frente. Esta é que é a verdade.

Com tanta indefinição e disputa entre o grupo das oposições, quem surfa em grandes e boas ondas neste janeiro, é Marcelo Lélis. Disto, meus caros, não há o que duvidar.

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