Embora não admitam publicamente, os maiores líderes estão de olho em marcar território nesta eleição e quem quer ser governador trabalha para eleger o maior número de prefeitos.
É o caso, por exemplo, do ex-senador e secretario de Relações Institucionais do governo, Eduardo Siqueira Campos. O grupo de aliados que se articula ao seu redor já com a estratégia montada para fortalece-lo para 2014 trabalha com a meta de ajudar a eleger 100 prefeitos. É um número significativo.
Trabalhando articulados com o governo, os dois senadores que permanecem afinados com a base Siqueirista, Kátia Abreu e Vicentinho Alves têm posição estratégica a assumir quanto ao quadro de 2014.
Kátia pro exemplo está na mídia nacional esta semana criticando Kassab por ter atropelado o PSD de Minas, sozinho, para agradar o Planalto. Atropelou também o Estatuto do partido, e foi chamado às falas pela vice-presidente.
O segundo vice, ex-ministro Roberto Brant, simplesmente fez as malas e foi embora. De Minas, terra onde a discórdia do PSD foi selada, pediu desfiliação e não quis mais papo.
PMDB e PSB, dois destinos interessantes
Daí que Michel Temer não perdeu tempo, e marcou um almoço com a senadora para oficializar um convite para que ela filie-se ao PMDB. A importância de Kátia Abreu no cenário nacional é inegável. Não só pela liderança de um setor forte, mas pelo que soube fazer desta liderança, cavando espaços e se posicionando.
Prudente, a senadora sinaliza que quer lutar pelo PSD que ajudou a construir, e se mostra resistente a uma nova mudança de partido. No PMDB, a colcha de retalhos que já conhecemos no Tocantins, teria que começar uma nova história, um novo grupo. E não há dúvidas de que enfrentaria resistências locais, a começar pelo presidente, deputado federal que comanda a legenda, e sonha alçar vôos maiores. Terminando com os dois ex-governadores, que perderiam espaço.
O PMDB, pelas caraterísticas dos dois - do partido e do senador – pode ser um porto mais seguro para outro mandatário tocantinense: o senador Vicentinho Alves, que está no PR, mas não acompanha João Ribeiro e abriu dissidência explícita no caso de Palmas, onde Luana Ribeiro enfrenta Marcelo Lélis.
Vicentinho ficou com Lélis e mandou recado pela imprensa: não foi consultado sobre a candidatura de Luana. Nos bastidores o descontentamento não é só este, e não é só de Vicentinho. Nas inserções a que o PR tem direito, o senador não apareceu em nenhuma, e considera que teve o espaço cerceado. Se a candidatura do partido em Palmas representar sacrifício para companheiros no interior, Vicentinho poderá ser o catalisador de um racha dentro do PR, e poderá se abrigar no PMDB, também via entendimentos com a nacional.
João Ribeiro, por sua vez, marca território ao lançar Luana Ribeiro em Palmas, mostrando que tem capacidade de enfrentar o governo que ajudou a eleger. E que pode ser o nome das oposições para enfrentar o Araguaia em 2014. Sem esta candidatura em Palmas, sua credibilidade estaria comprometida com o grupo que consolidou na capital.
Eduardo e o velho namoro com o PSB
Na outra ponta há Eduardo Siqueira, de quem começamos a falar lá no início. Seu namoro com o PSB é antigo e remonta 1998, quando Miguel Arraes era vivo, e Murilo Sérgio, seu assessor à época, de dentro da cúpula socialista nacional.
O perfil do PSB, com o fim da era Arraes, continua mais leve do que nunca e a proximidade do ex-senador com o governador Eduardo Campos, estrela nacional da legenda é grande.
Em Palmas, para cuidar de Marcelo Lélis, desembarcou a turma de Edson Barbosa, da Link, agência baiana que atende Campos e fez a brilhante e vitoriosa campanha do Eduardo de lá, que teve a maior votação proporcional de governadores do Brasil (mais de 82% dos votos válidos).
Em que pese o PSB da capital ter ficado com Luana, corre nos bastidores que antes de dar o sim final, Alan Barbiero teria sondado a reação de Eduardo por telefone. Afinal, seria ele o “projeto futuro” do partido no Estado. O secretario teria deixado o ex-reitor completamente à vontade. E o PSDB seguiu em Gurupi com Laurez, sem traumas.
Por mais que oficialmente ninguém queira falar agora sobre mudanças de partido, é inegável para o bom entendedor, que a política tocantinense vai tomar novos rumos depois desta eleição municipal.
O governo segue com problemas difíceis de administrar, baixa capacidade de investimento e ainda tem muitas arestas a aparar com companheiros insatisfeitos.
Projeto futuro no entanto não falta para quando esta tempestade toda passar. Até lá, o timoneiro é mesmo Siqueira Campos, que tem a prerrogativa da reeleição. Mas para todas as outras opções, o tabuleiro não para de se mexer.
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