As eleições de três de outubro de 2010, em Tocantins, deixaram uma reflexão para quem perdeu e a compreensão das virtudes do processo político para quem ganhou. Quem acompanhou, passo – a – passo, a movimentação dos agentes políticos durante o período eleitoral podem confirmar a velha máxima: “exército dividido não ganhará guerra”.
Assistiu-se a uma divisão dentro do PMDB com a dissidência do deputado Federal e ex-governador Moisés Avelino (PMDB); e - no PT - a dissidência do prefeito de Palmas Raul Filho (ambos da chapa governista). O prefeito Raul Filho (PT) liderou movimento de apoio ao Senador João Ribeiro (PR) candidato à reeleição pela chapa de oposição - vencedora das eleições, fato que levou votos para Siqueira Campos. Esses fatos foram decisivos para a derrota do Governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB).
Outros fatos ainda contribuíram para os resultados eleitorais como a. dissidência do presidente da ATM que acompanhou os malabarismos do presidente do PMDB, deputado Federal Osvaldo Reis. Isso somada a denúncia envolvendo o Governador, mediada pelo procurador Geral do Estado com lobistas na cidade de São Paulo (SP); sem uma resposta contundente do Governador que contrapusessem os fatos como armação. Esse episódio é corroborado pelo grande número de eleitores nas três maiores cidades do estado, onde a diferença garantiu a vitória do ex-governador Siqueira Campos, considerados eleitores mais cônscios de suas responsabilidades cívicas.
Existe uma outra máxima de que “quem é muito bom para os outros é ruim pra si”. Há quem garanta que o Governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB) premiou por de mias os deputados que garantiram sua eleição na Assembléia Legislativa, desprezando outros candidatos que poderiam somar a diferença de 7.163 votos; haja vista que a conquista de 3.582 (metade mais um de 7.164) votos para sua chapa seriam suficientes para vencer a disputa.
No final da campanha, vale observar ainda que o Senador João Ribeiro (PR) recebeu apoio ainda de alguns candidatos a deputado da chapa situacionista (tanto a federal quanto a estadual), por exemplo, o deputado federal mais votado Junior Coimbra (PMDB), passou a apoiar o senador da chapa adversária. Sutilmente, esse movimento dos deputados também angariou votos para Siqueira Campos, já que nas colas distribuídas para os eleitores vinha preenchido o número do governador adversário.
Como virtude do vencedor (reta final), além do competente marketing, registro detalhes como apresentação do Presidente Lula (no programa eleitoral) dizendo que não olhava para cor partidária no atendimento aos estados e municípios; apresentação da escola em tempo integral de Palmas(elogios à estão atual); aproveitou o desgaste da denúncia de São Paulo para divulgar pesquisas com números super-estimados buscando ganhar eleitores indecisos, votos úteis que vão para quem ganha (faz parte do jogo).
Finalmente - como num jogo de futebol - se a defesa errar, não basta o ataque fazer gols. E no caso dessas eleições, os erros da defesa foram maiores que os gols do ataque. Os buracos da defesa pela divisão do PMDB e do PT foram maiores que os gols do ataque que o Governador conseguiu fazer recebendo o apoio do Governo Federal, Governo Estadual e da maioria dos gestores municípios. É como numa decisão de campeonato, quem fizer mais gols e sofrer menos é o campeão.
Abraão Lima – professor universitário - é presidente do Instituto de Estudos Políticos, Econômicos e Socais do Tocantins (IEPES-TO).
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