A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) destaca sobre preconceito racial e discriminação contra crianças e adolescentes em seus meios sociais de convívio, escolas e até em casa, pois o racismo é estrutural. De acordo com a Unicef Brasil, logo ao nascer, uma criança negra tem 25% mais chances de morrer antes de completar um ano do que uma criança branca. A pobreza atinge 56% das crianças negras contra 32,9% das crianças brancas.
Para a adolescente e estudante do 9º ano de uma escola na região de Taquaralto, Maria Otília Barbosa, 15 anos, toda pessoa negra já sofreu racismo mesmo velado. “Lembro que quando eu tinha por volta de 7 anos queria ter o cabelo liso e ser branca, porque o que eu assistia ou via era isso, e minha mãe acabava apoiando isso, mesmo sem perceber, não era culpa dela, mas o racismo estava ali. Fizemos um teste no salão, escovaram meu cabelo durante um dia inteiro e quando terminaram, eu não gostei, vi que não era para mim, ali começou o meu empoderamento, também com muita ajuda das minhas irmãs mais velhas”, relembra.
O estado adverte que a violência racial e subjugação pessoal gera consequências severas na vida dessas crianças e adolescentes, assim como traumas e transtornos futuros que podem ser desenvolvidos. Vale ressaltar a importância na união da sociedade como um todo no combate ao preconceito.
Ações do Governo
A Seciju trabalha pela Igualdade Racial em diversas frentes, uma delas é o debate com crianças e adolescentes sobre a temática. “Uma das nossas ações é justamente levar o debate sobre igualdade racial para as escolas, com palestras e oficinas, levando conhecimento às crianças, a fim de que entendam que todas são iguais, independente de raça, cor, religião, gênero ou classe social. É muito importante esse trabalho para o combate à discriminação, mostrando que a igualdade é um direito básico e fundamental, fazendo toda a diferença na vida das crianças desde a primeira infância, além de poderem repassar esses ensinamentos aos pais e ajudar a torná-los adultos livres de preconceitos”, esclarece a gerente de Diversidade e Inclusão Social da Seciju, Nayara Brandão.
A vice-presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir-TO), vinculado a Seciju, Rossana Faustino, considera que o racismo atua historicamente na estrutura da família negra e na imagem do indivíduo. “O racismo deixa crianças e adolescentes vulneráveis às diversas crueldades do sistema Brasileiro e os mecanismos de opressão também atacam a imagem do negro, diminuindo a autoestima sobre sua imagem e sua capacidade de aprendizado. A família deve trazer as origens e as belezas do povo negro para dentro de casa, músicas, danças, lutas, moda, cabelo, tudo isso ajuda na formação e na afirmação do indivíduo na sociedade. E isso também deve ser replicado na escola, com a responsabilidade a mais de passar isso para todos”, finaliza.
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