Eu também ACHO que eles são culpados

A articulista e escritora Yanna Barbosa traz um artigo especial sobre a condenação do Casal Nardoni. O veredicto do juri apresentado na madrugada deste sábado, 27, condenou pelo assassinato da menina Isabela Nardoni de 5 anos, Alexandre Nardoni a 31 ...

 Ontem tive a estranha sensação de ter voltado para a Idade Média. Centenas de pessoas contornavam um prédio e exigiam a condenação de um casal. Deixaram suas casas, filhos, e foram acompanhar um julgamento. Alguns com a melhor roupa. Ambulantes aproveitavam e vendiam sucos e pastéis.

Engraçado é que quase não se vê manifestações públicas como essas em escândalos políticos.

Com exceção das inúteis passeatas pela paz do Rio de Janeiro (eles adoram vestir de branco e soltar pombas na avenida Atlântica), o Brasil é um país pacato quando se trata de comoção popular.

Mas o sangue é uma coisa contagiante. Assim como o fogo, ele atrai. Nos anos em que fui professora de ensino superior em cursos de Direito, a única coisa que fazia a turma toda prestar atenção numa aula de Direito Administrativo era mudar de assunto e descrever casos do homicídio. Ai não se ouvia nem um pio.

Mas voltemos ao casal...

Acordei e lia o jornal hoje pela manhã, quando a Fátima (moça que trabalha aqui em casa) chegou. Eu não tinha dúvidas de que ela iria comentar o caso. E antes mesmo do tradicional “bom dia” ela falou:

-“Você viu? Bem feito! Será que eles vão ficar presos esse tempo todo?”

Respondi que achava que não. Na sequência, perguntei :

- “ Será que foram eles mesmo que mataram a menina?

Ela mais do que depressa:

- “ Eu ACHO que sim! Você não ACHA?

Respondi:

- “ Acho sim... mas eles não confessaram e nenhuma testemunha viu...”

A Fátima:

- “ Mas a Delegada tem certeza!!!”

Puxei na memória...

- “ Você se lembra daquele pedreiro que foi preso por abusar da filha recém nascida? Apanhou na cadeia até. Todo mundo aplaudiu! Bem feito...Bem feito...E no final, exames afirmaram que a menina estava era “assadinha” por descuido da mãe...”

E ela:

- “É mesmo...eu lembro”

- “Pois é...”

-“ Mas eu ACHO que foram eles mesmo...”

- “Eu também ACHO”....

 

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