A professora Eutália Barbosa Rodrigues, assistente social, esposa do meu amigo Witter, tomou posse no começo do mês no cargo de Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Assistência Social do governo do Pará. Ela é profissional conceituada em sua área de atuação. Os dois foram companheiros de primeira hora do prefeito Raul Filho. Eutália é assistente social que passa longe do clientelismo, prática comum a 9 entre 10 gestores de pastas voltadas para o social. Por isso mesmo, trombou com outros interesses, e não durou 3 meses no governo petista da capital.
A exoneração de Eutália, constrangedora no meio petista, foi apenas um dos erros do prefeito Raul, entre os diversos que se acumularam nos primeiros 3 anos de sua gestão. Os altos índices de rejeição de Raul, hoje, são fruto de uma sequencia de fatos. O mais sentido nas pesquisas qualitativas é o sentimento popular de que o prefeito abandonou a gestão nos primeiros anos. Recolhido num casulo político, parecia ter aberto mão de decisões importantes. Empresas fecharam, o mato cresceu nos canteiros, a sujeira tomou conta da cidade, as obras da gestão passada foram abandonadas, assim como toda ação que lembrasse Nilmar.
Raul abandonou amigos de primeira hora. E os antigos companheiros foram abandonando Raul. Embora diga que deixou seus auxiliares livres para apoiarem a candidatura do governador Marcelo Miranda, a verdade é que Raul demorou a se decidir. O PT não ficou na Aliança por que pediu demais, e não aceitou nenhuma oferta que lhe foi feita. Então o prefeito foi no balão de ensaio da então candidatura do senador Leomar Quintanilha. Este, político hábil, buscava espaço. Ninguém pode condená-lo por isto. Hoje, está em situação invejável: coordena a bancada do governo no congresso.Raul, quando chegou na campanha de Marcelo, já chegou sozinho. Seus companheiros tinham chegado antes, e sem ele.
Mas voltando aos motivos da rejeição ninguém duvida que além da inabilidade política, a ausência da cena pública, e uma aparente falta de energia para governar, um dos erros crassos do prefeito foi a comunicação. Aliás, a falta dela. Gente próxima a ele dizia que "na hora certa" viria o pacote de obras, financiado por Brasília. A hora certa, para bom entendedor era um ano antes das eleições. Para o povo não ter tempo de esquecer.
O fato é que hoje, cercado de gente competente na arte de fazer política, Raul começou bem a campanha, deu volume à administração pública, e junta ao seu redor gente que quer salvar o que puder, e como puder, do fim deste mandato. Um mandato que começou cheio de expectativas. Mas que frustrou muita gente. Os amigos que foram embora, os companheirosde ontem.
Para reverter este quadro, o prefeito licenciado vai precisar de muito mais do que boa vontade e dinheiro no bolso. Precisa provar que muita coisa nele mudou. Começar reconhecendo os erros e correr atrás de juntar o que esparramou. A questão é se terá humildade e disposição para isso.
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