Uma família de Palmas relatou ao T1 Notícias a história de luta pela vida de um rapaz que, até os 18 anos de idade, vivia como qualquer outro jovem, com sonhos e planos, mas que foram interrompidos por um grave problema de saúde. Heder de Oliveira Silva esteve várias vezes à beira da morte, mas não desistiu e hoje pode servir de inspiração para outras pessoas que estão passando por situações parecidas.
Heder de Oliveira começou a ter fortes dores de cabeça e seus pais o levaram a vários especialistas sem conseguir um diagnóstico preciso. As dores persistiam e o rapaz chegou a perder parcialmente a visão de um olho. Sua mãe então o levou a um oftalmologista que, suspeitando de hipertensão intracraniana, o encaminhou para um neurologista.
O neurologista imediatamente encaminhou o rapaz para o Instituto Neurológico de Goiânia, onde ele foi diagnosticado com uma trombose venosa, era um início de AVC. “Os médicos disseram que só Deus mesmo poderia salvar sua vida diante daquele fato”, afirma o pai de Heder, Ezio Silva.
Recebendo acompanhamento de uma hematologista e com a doença sendo controlada com medicamentos, o fluxo sanguíneo foi estabilizado e Heder voltou a ter uma rotina normal sem sequelas da doença.
No primeiro semestre do ano passado, Heder foi aprovado em quatro cursos em diversos estados através do Enem. Ele optou por Engenharia da Computação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Heder passou, então, por avaliação médica após cumprir o prazo determinado pela hematologista ao se preparar para mudar-se para Minas Gerais, onde iniciaria uma nova etapa em sua vida: a de estudante universitário.
Ao concluir o primeiro semestre, Heder se preparava para vir passar as férias com a família em Palmas, porém, um acontecimento interrompeu os planos do rapaz. Três dias antes de voltar para casa, ele sofreu um infarto quando estava na faculdade.
Após oito dias internado no hospital da cidade de João Monlevade, em Minas Gerais, dos quais quatro dias foram no CTI, os pais pediram aos médicos que transferissem Heder para onde facilitaria o acesso e deslocamento da família. Os médicos, porém, não autorizaram a transferência, alegando que seu caso era gravíssimo.
Até que chegou um momento em que o hospital não disponibilizava de equipamentos para dar continuidade ao tratamento, pois Heder precisava passar por um cateterismo e o local mais próximo onde seria possível realizar o procedimento era em Belo Horizonte. Mas, era impossível para a família arcar financeiramente com aquelas despesas.
A família conseguiu, então, a transferência por meio de UTI aérea para Goiânia, com cobertura do tratamento por meio do plano de saúde em um hospital especializado em neurologia, por meio de apoio logístico e familiar.
Após permanecer por mais quatro dias na UTI, o resultado do exame de cateterismo apresentou um grande aneurisma no coração, na coronária descendente anterior. Os médicos ficaram impressionados com o fato que diziam ser um caso inédito. Reuniram, então, uma equipe para estudar a melhor forma de resolver o caso.
Após várias discussões da equipe médica e diversos exames, a equipe apresentou à família as opções para decidirem como resolveriam o caso de Heder. Estava nas mãos dos pais, que devolveram aos médicos a decisão afirmando que eles seriam os especialistas no caso e poderiam escolher a melhor forma. Os médicos não obtiveram sucesso no procedimento escolhido e Heder foi levado de volta à UTI.
30 dias após o infarto, o rapaz foi submetido à cirurgia de revascularização do coração, onde foram feitas duas pontes safenas e uma mamária. A cirurgia correu bem. Porém, no pós-operatório, surgiram algumas complicações. Heder contraiu infecção hospitalar e teve derramamento pleural pulmonar e precisou voltar para a UTI.
Passando mais 14 dias na UTI, sofrendo duas drenagens e tomando antibióticos para combater a bactéria, Heder foi liberado para concluir o tratamento em Palmas. Durante a viagem, o quadro febril permanecia. Depois de três dias em casa, com febre constante, Heder foi internado de novo. Lá se foram mais 14 dias sendo acompanhado por um infectologista, que indicou a continuação do tratamento.
Helder recebeu alta, mas outros aneurismas surgiram. Um no punho direito e outro maior próximo à axila, até que Heder começou a ter perda parcial dos movimentos de uma das mãos. A família afirma que, nesse momento, “mais um milagre de Deus acontecia em sua vida”.
Em novembro do ano passado, após a recuperação da cirurgia no braço, sentindo melhoras, mas ainda com febres frequentes, Heder passou por fisioterapia na mão que ainda estava insensível e procurou um reumatologista para investigar o que estava acontecendo com seu organismo.
Ao verificar o resultado da biópsia, o médico diagnosticou Heder com uma doença que já tinha sido suposta pela equipe médica que o acompanhava desde o início. Ele teria Vasculite, doença reumática que causa inflamação das artérias. O caso de Heder é considerado raro por não ser identificado com outras doenças relacionadas. Após toda a peregrinação para descobrir o que tinha, Heder iniciou um tratamento em que os resultados têm sido positivos.
A família entrou com processo de solicitação de medicamento menos agressivo junto à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e afirmou que “de pronto, o secretário Samuel Bonilha atendeu ao pedido para dar continuidade ao tratamento inicial”.
A recomendação médica é que Heder retome os estudos, considerando que não pode exercer outras atividades até o prazo estimado para o tratamento. “Com tudo isso, agradecemos o apoio dos amigos, colegas de trabalho, familiares, autoridades em geral, e ao imprescindível trabalho das diversas equipes de médicos que acompanharam o caso. Hoje a recuperação está sendo ótima, graças a Deus”, afirma a família de Heder.
Os pais do jovem decidiram relatar sua trajetória para inspirar outras famílias a não desistirem diante de situações adversas que a vida impõe. “Basta buscar e lutar que a vitória chegará”, conclui.
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