Quanto mais o tempo passa e evoluem as formas de contato entre o candidato e seu público, mais antigos métodos de fazer campanha se desgastam e parecem caminhar para a extinção. Nas eleições deste ano, a tendência é que os comícios vivam dias de agonia, devido à sua fórmula cada vez mais desgastada: pouca gente sai de casa para ouvir discursos num momento em que só candidatos falam, e o eleitor não interage com eles.
Analisando o primeiro comício realizado em Palmas pela Coligação Tocantins Levado à Sério na última sexta-feira, numa área residencial de classe média, algumas coisas saltam aos olhos. Para dar volume a eventos deste tipo, qualquer coligação que resolva fazer comícios em áreas residenciais onde o eleitor tenha outras opções de entretenimento e não tenha a necessidade de buscar os candidatos para pedir ajuda, vai precisar transportar eleitores.
Nas imediações da área onde foram montadas tendas e a estrutura de palanque dos candidatos da TLS, era possível perceber dezenas de ônibus estacionados. Independente de quem os realize, em qualquer comício promovido numa área residencial mais nobre, vai acontecer exatamente a mesma coisa. Neles, a claque de candidatos a deputados federais e estaduais é buscada nos bairros mais distantes para dar o colorido especial à festa. As torcidas, com seus palitinhos, camisetas coloridas (apesar da proibição de doação de brindes) e eventualmente batucadas, dão sempre um show à parte nos comícios.
Diferente nas periferias
O fato é que sem o artifício dos shows, proibidos desde as últimas eleições, o comício perdeu a graça para o grande público que se dirigia a estas concentrações para primeiro acompanhar os discursos, e depois se divertir. Além da retirada do entretenimento em si, os comícios realizados com atraso desestimulam as pessoas a saírem de casa.
Nos bairros mais periféricos, no entanto, eles ainda sobrevivem mesmo que sua realização requeira por parte dos organizadores, sempre uma mobilização muito grande de militantes e “lideranças”, dos bairros e regiões circunvizinhas. Mas, bem observado, se a militância voluntária ou paga dos candidatos não acorresse a este chamamento – são sempre os mesmos, seja o comício no centro, nas Arnos, ou Aurenys – pouco público de fato sobraria para ser atingido pela mensagem dos candidatos.
Buscar reuniões mais qualificadas, onde um público segmentado possa ouvir propostas, conhecer de perto os candidatos, e trocar com eles algum contato e informação passa a ser uma tendência mais em voga. Reuniões com cadeira, começando mais cedo e exibindo maior conteúdo, que vá além das tradicionais provocações entre adversários, pode ser uma das alternativas para a desgastada fórmula dos comícios.
Quem sabe com o tempo sobrem apenas os grandes comícios, em menor número, marcando começo, meio e fim de uma campanha. Para que entre um e outro, os candidatos caminhem mais, visitem mais, debatam mais, se exponham mais por outras vias, que permitam a interação com o eleitor. Este, cada dia mais se mostra um grande desconfiado, que de certa forma anda cansado de assistir de dois em dois anos, a repetição de um mesmo velho e cansativo filme.
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