Todas as vezes que começo um novo projeto literário me dá uma vontade enorme de ler. E foi assim. Terminei no sábado o projeto do meu segundo livro. Ainda sem título, pretendo fazer um apanhado geral das eleições de 2010 no Tocantins, ressaltando, é claro, ao papel da imprensa e das agências de marketing político.
Corri na livraria e comprei três livros, lembrando que detesto ficção e auto-ajuda. Dos três li dois. O Cardeal e o Repórter – Ricardo Carvalho (Show) e Histórias de Canções – Chico Buarque. E é sobre esse segundo que quero comentar com vocês.
O autor, Wagner Homem consegue, de uma forma emocionante relatar o Brasil através das músicas do Chico. Cada uma tem uma história, a maior parte retratando facetas da ditadura militar e da censura no Brasil.
A aparição do Chico Buarque na imprensa começa em 1961 quando ele participa do roubo de um carro e fica condenado a não sair de casa até completar 18 anos.
Em cada capítulo uma emoção. A “Banda”, “Maninha”, “Eu te amo”, “ Olhos nos Olhos”... Mas fiquei arrepiada, quando li as palavras de Geraldo Vandré no Festival de 1968, quando Sabiá de Chico Buarque e Tom Jobim ganhou da polêmica “Prá não dizer que não falei das Flores”(Geraldo Vandré)...vai o trechinho ai:
“Chico não estava presente quando ganhou a maior vaia da sua vida. Na madrugada do dia 30 o júri anunciou o segundo classificado: “Prá não dizer que não falei das flores”. Portanto “Sabiá”, interpretada pela dupla Cynara e Cybele, vencera. O estádio explodiu em vaias e gritos de “Vandré, Vandré”. O próprio aclamado tentou conter a ira do público dizendo: “Gente, por favor... Para vocês que acham que me apóiam vaiando...você não me apóiam desrespeitando Tom e Chico. Tem mais uma coisa só: A vida não se resume em festivais”.”
A frase tornou-se um slogan político.
E assim vamos, numa leitura de 350 páginas, cantarolando a cada sucesso e rindo das colocações do personagem sobre as diversas interpretações das letras de suas músicas. Conhecido por dar nomes de mulheres às canções o compositor afirma...a maioria é inventado. “Não fiz para ninguém, ou melhor, vai de acordo com a conveniência”.
As fotos do livro também nos fazem viajar. A roda de amigos idealistas, as bebedeiras, as rodas de Samba, o futebol...
E bem no finalzinho, compondo uma canção sobre ratos, ligou para o amigo Paulo Vanzolini, compositor e zoólogo:
“ Vanzolini, aqui é o Chico. Eu estou escrevendo uma letra sobre ratos e queria que me ajudasse a saber como eles são. O nariz, como é que é? É frio? É quente? Macio? Duro? E a pelagem?
- Ô Chico! Você mente tanto sobre mulher...Por que não inventa qualquer coisa também sobre os ratos?
-Pô Vanzolini...Pelos ratos eu tenho o maior respeito.”
Eu guento??
Fica ai a dica de um entretenimento maravilhoso! Já que os programas de hoje são bem diferentes dos daquela época, às vezes é melhor ficar em casa mesmo.
Comentários (0)