Impasse entre PM e governo repercute na AL

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As galerias do plenário da Assembléia Legislativa foram tomadas na manhã desta terça-feira, 16, por mais de 50 policiais militares de diversas patentes (alguns acompanharam a reunião das comissões no plenarinho fardados). O objetivo foi acompanhar a repercussão na Casa dos fatos ocorridos na Praça dos Girassóis na manhã de ontem, segunda-feira, quando o Capitão Chaves foi preso após se acorrentar a um poste e tentar iniciar uma greve de fome para forçar o governo a negociar o pagamento de indenizações à PM com os representantes de associações militares.

O governo emitiu nota e considera interlocutor para tratar do assunto apenas o Comandante da PM. O capitão, que está afastado de suas funções militares para tratamento médico se mantém à frente do movimento.De manhã na Assembléia, os militares queriam uma posição dos deputados a favor do pagamento das indenizações. O que ouviram foram manifestações de apoio por parte da maioria que usou a tribuna para falar sobre o assunto.

Stálin Bucar, presidente da Comissão de Segurança Pública marcou uma reunião para as 14 hs entre os membros, para tentar encaminhar alguma medida que permita aos deputados acompanhar o desenrolar do assunto.Já fazem alguns dias tenho ouvido amigos que tenho na PM sobre esse assunto, tão polêmico.

Não se discute a legalidade do pagamento, afinal sobre isso a justiça já se manifestou. São duas as questões que emperram o assunto: os valores (cada vez os cálculos de correções são maiores) e os atravessadores. Minhas fontes - militares que têm dinheiro a receber -  variam de patente. Mas de soldado a major todos concordam que há gente demais querendo lucrar com a questão. Desde lucro financeiro mesmo, até crescimento político.

 Desde Tenente Célio, eleito vereador e quase senador, e Sargento Aragão, eleito deputado, a PM se transformou num celeiro farto para ambições políticas diversas. O que eu ouvi de um major bem conceituado na corporação, é que se o governo negociasse, os militares aceitariam desde parcelamento de valores, a imóveis. Ele sugeriu: "Por que o governo que tem tanta área não abre uma quadra, faz um loteamento, negocia, parcela?"

Talvez por que esteja faltando mais jogo de cintura nesta negociação. Talvez por que os interesses financeiros de quem inflacionou a dívida não permitam.O que fica nítido é que enquanto um grupo de militares se insurge, afronta seu código de disciplina e faz ameaças diversas, a Polícia Civil, com outra estratégia vem conquistando seus benefícios. Em resumo: aumento salarial, e aprovação de plano de cargos.

Já faz tempo que a PM briga por indenização, enquanto seus salários estão defasados em comparação, por exemplo, com o Estado de Goiás. Lá, onde um major ganha o dobro do que ganha o mesmo oficial aqui, não se ouve falar em paralisação, greve de fome ou ameaças. Talvez esteja faltando mesmo habilidade de um lado para negociar, e flexibilidade do outro para encontrar um jeito de atender a decisão judicial.

Roberta Tum

roberta@blogdatum

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